Sunday, April 23, 2006

Repetição

Odeio repetir-me. Odeio, odeio, odeio. Detesto e odeio. Porque detesto pessoas que se repetem. Detesto é muito forte...apenas detesto palhaços tristes de cabelo encaracolado (quem é que não detesta palhaços tristes de cabelo encaracolado? E haverá pior?) gosto quando as pessoas se repetem. Contam uma anedota (má na pior parte das vezes) e repetem até á exaustão a punchline por acharem a piada boa ou então por puro masoquismo (não sei qual das duas alternativas é pior) e conseguem apenas sacar desejos homicidas camuflados por sorrisos amarelos. Acontece alguma coisa e contam os mesmo detalhes às mesmas pessoas infindáveis vezes. Por vezes tenho azar em acompanhar este ou aquele amigo a contar pormenores da sua vida diversas vezes. Conta-me a mim e repete a história toda a cada pessoa que aparece. Acabo por admirar estas pessoas, eu canso-me apenas por contar a uma pessoa quanto mais a todas que se vão juntando. E quando on faço, detesto. Sinto que me estou a repetir, a contar o mesmo interminavelmente, sempre os mesmos problemas, sempre as mesmas soluções. Cansa. Não vos cansa? Quem nos impede de nos repetir-mos? Nós ou os outros? Será que devemos dizer a alguém que se cale que já percebemos a prostituta da anedota, que já percebemos que são muito ins por irem aqui ou ali? E devemos nos calar quando temos esse pressentimento de nos repetirmos? Ter essa atitude castradora de nós próprios? Se calhar nenhuma das opções é correcta... mas eu odeio repetir-me. Odeio, odeio, odeio!


Porque...o inferno é repetição.

Monday, April 17, 2006

Bem Vindos

Bem vindos.

Não sei a quê, a quem, nem aonde. Mas bem vindos.

Sempre perdido, nunca sei aonde estou ou quem estou, estando normalmente sozinho. Acompanhado por uma multidão mas sempre sozinho. Irónico, não?

O meu ser é como uma tenda gigante de um circo. Juntem-se todos para ver a sua principal atracção. Dor, loucura, alegria, tristeza, destruição e patéticas tentativas de reconstrução. Bem vindos. Como diria o velho Jim, estão todos cá dentro? Há espaço para todos. Entrem! Não se vão arrepender de o ter feito. Venham ver a aberração, venham bater palmas ao seu espectáculo, venham rir com as suas desgraças. Não se vão arrepender. Por vezes é cansativo, levar este espectáculo dia e noite, sempre as mesmas expressões, sempre as mesmas deixas, sempre o mesmo palhaço. Mas o público não se pode aperceber disso. Temos que levar o espectáculo até ao dia em que sejamos vencidos, até o dia em que a tenda vazia caia sobre nós. Temos que continuar, meter a velha maquilhagem, trabalhar o melhor sorriso e continuar. Não ouvem os aplausos...? Não...provavelmente devo ser apenas eu. Não interessa. Venham, venham. Sentem-se nos seus lugares e venham ver a aberração.

Prometo que não irão sair desiludidos.

Saturday, April 08, 2006

Mudar

- Agora eu percebo!!
- O quê...?
- Porque é que ele escolheu mudar. Tornou-se muito claro, de repente!
- Ainda estás a pensar nisso...?
- Oh...mas não é pensar unicamente na situação dele, é tentar perceber o porquê de agir assim. É simples. Solidão.
- Solidão?
- Sim, solidão. Quando tu tens hipótese de viver em comunhão com outra pessoa, o que é que tu farias? Do que é que tu abdicarias? Essa é a questão que se tem de se colocar. Mesmo sem se aperceber ele escolheu não ficar só, não importando as consequências desse acto no futuro, não importando o futuro.
- Penso que fizeste a pergunta correcta. Qual é a tua resposta?
- Tu sabes qual é...
- Ambos sabemos. Somos mais parecidos do que julgas. Eu tenho as respostas e tu as perguntas, mas as minhas respostas também são as tuas. Apenas me preferes perguntar. É mais fácil ser eu te dizer. Há quanto tempo me conheces? Desde que te comecei a responder por enigmas, a interpretar os teus problemas sem te aperceberes que também eram os meus problemas. Mas eu nunca respondi à pergunta que querias ver respondida. E tu foste ter com ela indadvertidamente. Sei que não acreditas em abdicar do que se é por amor. Que o amor deve ser parte de nós porque se se abdicar do que se é por amor, não é amor. Mas sabendo nós tudo o que sabemos sobre...nós, pergunto-te? O que abdicarias por amor?
- Tudo.
- E o que tu és...?
- Também.
- É por isso que compreendeste o teu amigo?
- Porque não é o acreditar, não é o ser, é o sentir. Acredito que ele o sinta, por ver algo que antes não tinha.
- E será isso amor?
- Para ele provavelmente é.
- E para ti seria?
- Não sei. Já estou confuso...
- Meu amigo... nunca vi ninguém tão confuso por saber todas as respostas. O amor cada um define da sua maneira e cada um sente da sua própria maneira. Fazes as maiores loucuras, idiotices, sentes demasiado o que não devias sentir e no fim confundes o amor com toda a corrente de emoções que vais guardando e coleccionando dentro de ti ao longo da vida. E tendo conta isso tudo. Pergunto novamente... irias-te modificar por amor, por outra pessoa ou pelo medo da solidão?
- Não. E é isso que me assusta.
- Eu sei.

Thursday, April 06, 2006

Architecture

- There's this friend of mine...that he...
-Yes...?
- Well, he's changed. I try not to change other people but I guess it's an impossible task. Since he's dating that girl, he's simply not the same. And I can't understand that change... I mean... do you have to change to have someone loving you? Isn't it suppose that that person loves you for what you are? And when that person someday is gone? What is left? When he looks in the mirror, who will he see? Will he recognize the stranger in front of his eyes? The stranger he tried to erase to please someone who "loves him the way he is"?
- Love is a desert full of illusions. Within you can find your salvation or your damnation.
- I hope he finds his salvation, but my faith is lacking in that issue...
- Only in that issue...?
-AS I WAS SAYING... do you think that kind of relation is good? To be with someone, try to please every moment, afraid of every move you make because it may upset "your highness", and to be isolated with that person, like there's no one else in the world, like now you are not allowed to breathe outside her reach? And what makes a person carry on in this... "life"?
- Love.
- Is it love? After all I told you...do you think it's love?
- From what you tell me, he seems to love her.
- And she...?
- Well, I don't know. But he doesn't seem to complain. Everyone decides is own destiny, even though it seems that sometimes you don't have any control at all. But it all began after a choice that was taken. If he's taken that path, if thinks that it's important to be other person, to erase all that he is, to change personality to please another person, it's his choice to make. If it turns out good, he will profit, if not...
- He's fucked.
- You can say that... but it was his choice. Like I said love can bring you salvation and damnation. The love you put to another person, to your friends, to your job may not come back in that same way. The best way to love is unconditionally. In the purest of loves, you don't change yourself to please another. In the purest of loves you are half that finds your other half, and although everything's not perfect there's no struggle for power, there's no forced changes of id's, no misconception of what or who the other person is. There's only acceptance. But that's not very usal. Your friend is builting something, we cannot judge him, if his doing the right or the wrong thing. All of us built our castles, all of us watched they crumbled down in front of our eyes. We only can pray that his don't collapse as ours did. Maybe he is not building his in the safest way, maybe it isn't the way we would build ours...
- It isn't!
-... but it is his castle. And only we can do is hope that it will last (even though we don't agree with the... architecture.



Sunday, April 02, 2006

A (Não) Saída

Mais uma vez...pela última vez...sai da minha cabeça. Sai... estou cansado de te sentir rasgar a minha pele, de me cortares apenas para eu sentir que estás viva. Sai. Morreste. Acabou. Sai. Tou farto de me queimares com pontas de cigarro apenas pelo teu divertimento. Sai. Personificas tudo aquilo que odeio, és o engano em pessoa, a mentira personificada. Mas acho que já o repeti muitas vezes. Por favor...

SAI!

És a serpente falsa e odiosa que rasteja entre a imundice e que me hipnotiza para me matar cada dia que passa mais um pouco. Sibilas o teu nome, nome que já amei, e enrolaste sobre o meu corpo, sibilando que me amas, mas tu não amas ninguém. Detestável serpente. E o que dás é ódio, o que tens é ódio porque o teu nível é baixo e a tua ignorância é muita. És desprezível, serpente. O que me dás agora é ódio. E o que me deste antes... mentiras. O que a serpente dá, a serpente tira. Agora que estou morto que injectaste o veneno no meu corpo, deixa-me em paz, deixa-me descansar pelo menos uma noite em paz. Não destruas o meu corpo como destruíste a minha alma.

Vá paixão... sai

Sai da minha cabeça, antes que eu morra. Sai da minha cabeça, antes que enlouqueça. Sai da minha cabeça, antes que te odeie.

Mas sai, por favor sai...

SAI!!!