Monday, September 14, 2009

Nem Mais Um Pouco

Sou alérgico ao cansaço mas dele estou viciado. Quanto menos aguento mais quero aguentar, mais mais, sempre mais em cima de mim.

Não páres, não durmas. Até conseguires aguentar. Até vires que estás a quebrar.

Para frente e para trás, para a frente e para trás, como um relógio a marcar pacientemente os dias, as horas e segundos. Um pêndulo que se mexe não por ir adormecendo no seu embalo, mecânico mas sim porque quer quebrar violentamente com a sua corrente. Cada vez mais para a frente, cada vez mais para trás, para frente para trás para a frente para trás. O pêndulo não avança nem mais um pouco. Nem mais um pouco.

Talvez seja preciso mais um pouco de cansaço. Mais um pouco de cansaço, mais um pouco de tudo. Mais um pouco de prisão para te poderes libertar finalmente. Só mais um pouco. Só precisas de mais. Mais um pouco. Mais um pouco até ficares louco.

Para frente e para trás, com mais força, com mais vontade com mais querer. Para frente e para trás, para o pêndulo quebrar, para o pêndulo voar. Para eu voar. Para deixar o mundo para trás e voar.

Voar...

Nos meus sonhos o pêndulo quebra e conforme ele quebra, nada me prende, uno-me a tudo o que é e deixo-me para trás enquanto sigo à unicidade. Nos meus sonhos, sou completo.

Mas quando acordo de volta ao meu mundo oco
o pêndulo não avançou
nem mais um pouco