Monday, June 11, 2007

A Racionalidade Do Sentir

A racionalidade do sentir. Haverá algo mais absurdo que isso? Deve haver... Até que ponto o sentimento que se diz ter é sentimento quando o conseguimos dissecar em planos, projectos que optamos por não ter por sabermos que a vida dá muitas voltas? Essa protecção racional de não querer sofrer é muito forte ou apenas o sentimento é pequeno?

“Eu sinto. Verdadeiramente. Mas sei que nada dura para sempre. Nada vai durar. Tudo eventualmente acaba, porque a vida traz muitas surpresas ou dissabores, como quiseres classificar.”

Não deveria a noção da mortalidade das coisas fazer com que se desse mais valor aquilo ou aqueles que se amam? Todos nós vamos morrer, pessoas vão entrar e sair na nossa vida... mas, ingenuamente ou não... não deveríamos acreditar que as pessoas que estão connosco, agora, neste momento, vão estar connosco para sempre? Mesmo sabendo que a vida dá muitas voltas, mesmo sabendo que a mortalidade a que a nossa carne está presa é inevitável, não seria natural, emocional, não-racional, acreditar que estas pessoas que nos completam no presente, tenham muitas probabilidades de o continuar a fazer no futuro?

“Tento não olhar para o futuro. Ainda tenho muita coisa há minha frente e sinceramente é algo que não me interessa pensar agora. No “para sempre”. O futuro é imprevisível, tal como a vida. Todos os dias acontecem coisas que nos surpreendem, todos os dias alguém que sempre julgámos estar presente nos desilude. Todos os dias alguém que não sabíamos existir nos cativa. Mil possibilidades numa só vida. Não há um futuro possível de prever, nem uma só pessoa que se mantenha na nossa vida... a não sermos nós próprios”.

Tudo isto faz sentido. Sentido lógico e racional. Perfeito.

O amor não tem sentido.