Thursday, October 06, 2016

Areias Movediças


Certamente todos nós já sentimos que quando uma coisa não nos corre bem, ela torna-se contagiosa. A melhor descrição para isto que já ouvi foi num filme sobre futebol americano - de todos os sítios - em que consistia no seguinte: Quando algo não corre bem e sentímos que estamos numas areias movediças onde quanto mais se tenta fazer com que algo desse certo apenas  faz com que nos afundamos cada vez mais. 

Todos nós já sentimos isso certo?

E é fácil ficarmos presos ainda noutra coisa. Na teimosia de lutar contra a corrente. Energia chama energia e aquilo que não sabemos é que quando teimamos com algo estamos a puxar pela energia daquilo que não queremos. Por raiva, por frustração, por medo. Onde focamos mais a nossa atenção é precisamente naquilo que não queremos ver acontecer. Como poderemos ter sucesso se estamos com a atenção focada no insucesso? Em todos os cenários de catástrofe. E o mais irónico (trágico) é que isto acontece sem que saibamos que está acontecer.

Deixar ir. 

É um chavão, daqueles que se utilizam constantemente, mas não deixa de ser correcto. A filosofia budista tem uma forma de ver a vida que muitas vezes julgamos ser incompatível com a vida ocidental - no entanto só o é por medo da mudança, medo de todos os paradigmas que nos foram incutidos desde que nascemos. Essa forma de ver acenta em algo muito simples:

"Tens um problema. Se tem solução, deixa de ser um problema. Se não tem solução, não há nada que possas fazer, então deixa de ser um problema também".

Muito tempo passamos a minar-nos e permitir que nos suguem a energia por questões que não podemos mudar. Apenas por não querermos aceitar. Por teimosia. E quanto mais teimosos somos, mais nos afundamos, mais mergulhamos naquilo que não queremos mergulhar. Claro que poderão dizer:

"Mas se eu parar de lutar, vou ao fundo"

Talvez... mas sabemos que as areias movediças nos mantém seguros principalmente quando deixamos de lutar. Quando deixamos de lutar, algo nos segura, mesmo que nos sintamos prestes a cair. Queremos pensar que temos que estar constantemente a nadar porque nos disseram que nesta vida temos que ser como os tubarões, temos que nadar para não morrer. O que ninguém nos disse é que se não pararmos, podemos morrer por exaustão, longe daquilo que queríamos e pelo qual lutámos.

Talvez se pararmos de lutar, de espernear e de bracejar, consigamos perceber, ter a lucidez para ver de que estavamos a lutar, a espernear e a bracejar não para atingir um objectivo mas porque tínhamos medo de não o atingir. Nessa altura talvez consigamos perceber que a cada queda que damos (e que aceitamos que damos) estamos a aprender a melhor forma de andar sem cair em areias movediças.

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