Sunday, May 04, 2014

Rima

Toda uma vida à procura de sentido, à procura de razão.
De uma rima.
Luta-se, sofre-se e morre-se, vezes sem conta, por apenas mais um pedaço.
De sentido.
Desiste-se, amaldiçoa-se, premeia-se, festeja-se e desiste-se mais uma vez, a eterna falta.
De razão.

Constantes mortes e ressurreições, percebe-se finalmente,
de que a rima está no interior
À espera para ser descoberta, para ser escrita.

Mais quedas, retrocessos, mas a visão do poeta está posta no horizonte
Tão ao alcance do desejado sentido
A aguardar a queda dos muros que o impede de ser vivido.

É engraçado perceber, até mesmo irónico
Que quanto mais se quer mais longe a razão parece estar
De toda a felicidade prometida

E desiste-se mais uma vez
Mas algo muda. Algo está diferente.
O interior vem à superfície, sem mais muros e sem mais ânsias.

Surge em forma de surpresa, o tão desejado Graal
Do exterior o gatilho para encontrar o fogo interior
A prova de que para o poeta
uma rima só faz sentido quando existem dois versos lado a lado.

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