Perdi O Meu Amor No Vento
-Estava agora a passar dedo por folhas passadas e a pensar como tudo muda. Tantas caras, tanta vida, tantas promessas. É inevitável olhar para trás por muito que diga que não o deva fazer a mim e aos outros. As minhas próprias feições são espelho dessa emoção... se calhar é indicativo de solidão falar comigo mesmo, na esperança de me responderes. Idiota, também... é uma esperança e a esperança tem sempre uma sustentação na fé. Fé... talvez por isso me pareça idiota. Olho para caras do passado na esperança que elas me digam algo, algo que só tu poderias dizer. Gostava de estar nos teus pensamentos, de te ouvir...será...será que me ouves...?
-Se a solidão podesse tocar sons em cordas de seda, eu ouvir-me-ia tocar melodias que são mais antigas que o tempo. Sento-me aqui a olhar para o infinito da minha imagem no espelho e penso porquê que ainda perco tempo a olhar para as encruzilhadas cheias de pó do meu passado, onde só eu sei os trilhos dos meus passos. E penso em ti, inevitávelmente, uma e outra vez, quando os meus pés descalços percorrem o pó. Quero gritar para que me oiças, pois vejo a tua imagem claramente. Mas estás surdo, estás no meu passado... e não quero olhar para o meu futuro. Falo-te. Ainda. Qual seria a tua resposta...?
-- A música começa a soar -
-Por vezes julgo que estás presente, por cima do meu ombro, a observar-me, a sorrir... o teu sorriso, belo, maior que a vida e misterioso como o tempo. Mas sincero. Há pequenos sinais, avisos, pressentimentos. Pequenas coisas que me fazem despertar para ti mais uma vez. Depois de tudo o que disse e fiz, depois do que fizeste... e mesmo assim não abandonas o meu pensamento, o meu espirito, tal como abandonaste a minha vida. Ou fui eu que te abandonei...? O tempo tem esse dom de tornar tudo cheio de névoas.. mas certas coisas continuam claras como cristal. Esta música... de uma maneira romântica (aquilo que sempre detestámos) era a nossa música e porque é que a estou a ouvir agora...? É a tua resposta? A maneira de o destino, Deus, alguém ou algo superior a nós que diz que eu não te devo esquecer.. ou que tu não me esqueceste. Deus, como eu daria tudo para ouvir a tua voz agora...
-Os sorrisos que me deste sempre me falaram mais do que as poucas palavras com que me brindaste. Os teus olhos falavam a língua dos amantes enquanto as tuas mãos eram os instrumentos dos teus quereres. Nunca foste de palavras vãs, como tantos outros que se cruzaram comigo. E ainda agora, ainda neste mundo cinzento, recordo com clareza aquele ultimo sorriso antes de virarmos a face para caminhos diferentes. Deixamo-nos perder na ilusão do tempo, na esperança vã que poderíamos esquecer. Eu não esqueci, não esqueço, é-me impossível apagar a tua imagem gravada a lagrimas e sorrisos nas minhas pálpebras cansadas. Quero ir-me embora e não consigo. Presa nas linhas de tinta permanente do teu sorriso esborratado pelo tempo. Será que me podes sorrir outra vez? Queria tanto ver esse sorriso... Aquele sorriso secreto que só eu conheço.
-Uma brisa acaricia-me as costas e arrepia-me como se estivesses presente...e estás...Olha para mim...só tu para me fazeres sorrir e chorar ao mesmo tempo. As folhas começam a cair mais uma vez e o frio começa a fazer-se sentir, mas apenas tu continuas a aquecer um coração frio da tua ausência. Ausência reforçada por caminhos diferentes.Pudemos nós divergir tanto? Poderá um ser estar tão dividido que se torna dois... dois seres incompletos? A tua memória é doce e amarga simultaneamente, mase eu sei que continuas comigo, eu sinto-te. Podes estar no mais distante dos planetas que eu sinto-te como se tivesses ao meu lado. E estás... Apenas estou cego, cego pela vida, pelo caminho, por tudo aquilo que nos separou. Mas eu quero ver... ver-te, tocar-te, cheirar-te. Quero desafiar o mundo, o destino, todos os resultados improváveis de estarmos juntos novamente. Todo o orgulho, toda a dor. Queria falar-te com os meus olhos tristes, aqueles que disseste que eram sempre sinceros mesmo quando não o queria ser. Sei que te foste embora, que estás longe...mas porque é que eu continuo a sentir-te?
Porquê?
Diálogo por F.Ferreira e A.Filipa Nunes
-Se a solidão podesse tocar sons em cordas de seda, eu ouvir-me-ia tocar melodias que são mais antigas que o tempo. Sento-me aqui a olhar para o infinito da minha imagem no espelho e penso porquê que ainda perco tempo a olhar para as encruzilhadas cheias de pó do meu passado, onde só eu sei os trilhos dos meus passos. E penso em ti, inevitávelmente, uma e outra vez, quando os meus pés descalços percorrem o pó. Quero gritar para que me oiças, pois vejo a tua imagem claramente. Mas estás surdo, estás no meu passado... e não quero olhar para o meu futuro. Falo-te. Ainda. Qual seria a tua resposta...?
-- A música começa a soar -
-Por vezes julgo que estás presente, por cima do meu ombro, a observar-me, a sorrir... o teu sorriso, belo, maior que a vida e misterioso como o tempo. Mas sincero. Há pequenos sinais, avisos, pressentimentos. Pequenas coisas que me fazem despertar para ti mais uma vez. Depois de tudo o que disse e fiz, depois do que fizeste... e mesmo assim não abandonas o meu pensamento, o meu espirito, tal como abandonaste a minha vida. Ou fui eu que te abandonei...? O tempo tem esse dom de tornar tudo cheio de névoas.. mas certas coisas continuam claras como cristal. Esta música... de uma maneira romântica (aquilo que sempre detestámos) era a nossa música e porque é que a estou a ouvir agora...? É a tua resposta? A maneira de o destino, Deus, alguém ou algo superior a nós que diz que eu não te devo esquecer.. ou que tu não me esqueceste. Deus, como eu daria tudo para ouvir a tua voz agora...
-Os sorrisos que me deste sempre me falaram mais do que as poucas palavras com que me brindaste. Os teus olhos falavam a língua dos amantes enquanto as tuas mãos eram os instrumentos dos teus quereres. Nunca foste de palavras vãs, como tantos outros que se cruzaram comigo. E ainda agora, ainda neste mundo cinzento, recordo com clareza aquele ultimo sorriso antes de virarmos a face para caminhos diferentes. Deixamo-nos perder na ilusão do tempo, na esperança vã que poderíamos esquecer. Eu não esqueci, não esqueço, é-me impossível apagar a tua imagem gravada a lagrimas e sorrisos nas minhas pálpebras cansadas. Quero ir-me embora e não consigo. Presa nas linhas de tinta permanente do teu sorriso esborratado pelo tempo. Será que me podes sorrir outra vez? Queria tanto ver esse sorriso... Aquele sorriso secreto que só eu conheço.
-Uma brisa acaricia-me as costas e arrepia-me como se estivesses presente...e estás...Olha para mim...só tu para me fazeres sorrir e chorar ao mesmo tempo. As folhas começam a cair mais uma vez e o frio começa a fazer-se sentir, mas apenas tu continuas a aquecer um coração frio da tua ausência. Ausência reforçada por caminhos diferentes.Pudemos nós divergir tanto? Poderá um ser estar tão dividido que se torna dois... dois seres incompletos? A tua memória é doce e amarga simultaneamente, mase eu sei que continuas comigo, eu sinto-te. Podes estar no mais distante dos planetas que eu sinto-te como se tivesses ao meu lado. E estás... Apenas estou cego, cego pela vida, pelo caminho, por tudo aquilo que nos separou. Mas eu quero ver... ver-te, tocar-te, cheirar-te. Quero desafiar o mundo, o destino, todos os resultados improváveis de estarmos juntos novamente. Todo o orgulho, toda a dor. Queria falar-te com os meus olhos tristes, aqueles que disseste que eram sempre sinceros mesmo quando não o queria ser. Sei que te foste embora, que estás longe...mas porque é que eu continuo a sentir-te?
Porquê?
Diálogo por F.Ferreira e A.Filipa Nunes
2 Comments:
E fez tanto sentido na altura, que hoje, dialogo finalizado, faz ainda mais sentido.
O amor foi no vento.
E voltará no cair do orvalho.
(obrigado por escreveres este dialogo comigo)
Obrigado eu. E sim, hoje faz ainda mais sentido.
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