O Silêncio
A busca pela Palavra perfeita
É como a busca pelo Graal
Reviram-se todos os cantos da Terra
Numa interminável colheita
Condenada ao fracasso total
Perde-se a fé, perde-se a razão
“Porquê?!” grita o Silêncio no chão caído
“Porque estou eu condenado a esta solidão?”
Pois ele ama a palavra, a palavra que lhe dá sentido
O Silêncio é vazio, o Silêncio é nada
Pois ele só vê na Palavra a perfeição
Que nele julga não existir
A Palavra é sentido, a Palavra é significado
Pois ela transmite conhecimento
Que o Vazio quer receber
Os dois estão condenados a coexistir
Sempre em conjunto
O maior desejo do Silêncio é ser interrompido
Pelo sentido da Palavra
Tal como dia e noite,
Tal como o bem e o mal
Tal como a vida e a morte,
Tal como o Azar e a sorte
Quando o Silêncio encontra a Palavra
Cala-se maravilhado
Querendo ouvir o que ela diz
A Palavra sente vergonha
Não encontrando palavras para soltar
O Silêncio pede-lhe que fale
A Palavra nada diz
O Silêncio torna-se a Palavra e a Palavra torna-se o Silêncio
Trocando de lugares, mantém a distância
A distância de um amor impossível
E o Silêncio aguarda que a Palavra venha até si
Continua a perseguí-la até à eternidade
Num ciclo sem fim
Pois ele não consegue evitar
De correr até si
“Um dia… Um dia…
Um dia saberás o porquê de eu te amar
O porquê de tu seres a Palavra
E de eu ser o Silêncio”
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