Wednesday, April 17, 2013

Maré

Fechado sobre ti mesmo, os teus olhos também se fecham quanto mais os queres abrir. Não reparas que a força que fazes, colocam-te as mãos a tapar-te os ouvidos. Não consegues ver, não consegues ouvir.

Consegues sentir?

O automatismo sempre foi o teu amigo,  mas agora, quando dás por ti, estás do outro lado. Quando dás por ti, existe um muro camuflado perante tudo aquilo que sempre consideraste a tua vida. Um muro que te separa de todo o potencial, de todas as tuas amarras, de tudo o que te prende ao chão. As correntes são transparentes, nem tão pouco as sentes. Serão invisíveis ou estarás tudo cego? Não as sentes... pela dormência?

Consegues realmente sentir...?

Andas às voltas, como uma tartaruga de pernas para o ar, a tentar lutar para se erguer. A diferença é que a tartaruga sabe quando está de pernas para o ar quando luta para se colocar direita. Tu julgas que estás de pernas para ar e estás mais perto do que julgas.

Esta conversa que não é mais do que um monólogo não é para te desanimar, nem sequer tem um tom acusatório, embora assim possa parecer. É apenas um... desabafo. Uma esperança. Que o dia chegará em que deixarás de fazer força para abrires os olhos e eles simplesmente se abrirão. Que deixarás de fazer força para ouvir e aí vais ouvir aquilo que sempre procuraste.

Que vais ver que o caminho que sempre quiseste percorrer é o caminho que sempre percorreste, mesmo sem o sabendo. Que a tua impaciência e cansaço não foram mais do que dores de crescimento. Que, quanto menos tu te perdes daquilo que julgas ser, mais te encontras.

E aí vais sentir.