Monday, March 08, 2010

Rasgo o Peito

Como um bloco interminável de imundice.

No meu peito.
E ele espalha-se, dilui-se por todo o meu corpo.
Não sinto o seu efeito
Não logo. Apenas mais tarde.

Tarde demais.

Veneno que é bombeado por pequenas ruelas sujas no meu corpo.
Esgotos que saiem do meu coração.
O cérebro ordena que se desliguem todas as saídas.
Que os diques impeçam a circulação.
Não há quem obedeça, não agora, porque é...

Ele desiste. Sufocado na lama.
Os alarmes soam, disparam mas ninguém os ouve. Ninguém se importa, mais...
É tarde.

Tarde demais.

Rasgo o peito na esperança de fazer sair todo o lixo dentro de mim, mas este está junto à minha carne, entrenhado nos meus ossos.
Rasgo a carne para ver sair o sangue, mas este secou há já muito e apenas um vil liquído negro que me mancha as mãos e queima a pele.

Deverá alguma coisa que possa fazer, penso eu, ingenuamente.

Mas, não, não há.

Rasgo o peito à procura de vida.

É tarde demais.