Wednesday, June 16, 2010

Fechar Os Olhos

Fecho os olhos e procuro por aquilo que quer sair
mas com os olhos fechados não vejo que janela devo abrir.

Será uma porta?

Abro os olhos na tentativa de ver se a iluminação me banha e esclarece mas não vejo nada além da desolação turbilhante que me fez fechar os olhos em primeiro lugar.

A desolação rodopia rapidamente à minha volta, foge do meu controlo.
Areia do tempo voa ao meu redor tal como todo o caos disfarçado de ordem.
Meto as mãos na parede, agarro-me aos móveis mas não adianta, nada pára a desolação trepidante de rodar à minha volta

Então fecho novamente os olhos para encontrar o chão firme que teima em me fugir mas cedo descubro que a solução para este enigma está sempre num lugar diferente daquele que procuro.

A areia corta-me a pele enquanto eu tento encontrar a luz pelo tacto
No olho do furacão
não há quem alcance
Uma prisão de areia invisível que se escapa entre os dedos
Que roda, roda, roda
numa eterna distracção que não leva para longe
O pensamento
Roda mais depressa que a luz que não me ilumina.

O pensamento...

A pensar no tempo que estive a gastar, abro os olhos
quando vejo que foi o tempo que me gastou a mim

E tudo parece parar mas é pura ilusão porque no olho do furacão anda tudo tão rápido que parece que está parado. Não vejo outra coisa a fazer senão novamente.

Fechar os olhos.