Mais Perguntas
Ou será que são as verdadeiras mentiras que nos destroem?
E quando estão todas concentradas na mesma pessoa?
O que é a verdade? Como a classificas tu? Boa, má? Ou em caso de não a aceitares...aceitas-a como uma mentira. Mais uma mentira...e a metes de parte, como fizeste tantas outras vezes. Não sabes se é verdade mas vais olhar para dentro de ti e procurar por ela. Pela primeira vez. Honestamente.
É como se fosses um cientista a conferir cálculos depois do projecto estar concluído e quando verifica que os cálculos não batem certo entras em pânico e interrogas-te do que correu mal. A tua vontade é deixares passar. Fazer de conta que não sabes nada. Mas tu sabes... Estás farto do projecto, só o queres ver finalizado e passá-lo para outras mãos, rezando que ninguém descubra os erros de cálculos. Mas não consegues dormir descansado. E não sabes porquê.
Até que um dia, és forçado a pegar no velho projecto e vê-lo do início para verificares o que realmente aconteceu. A verdade... não estás pronto para ela, mas sentes uma vontade inegável de a conhecer. Apesar disso estás mais preparado para ela, seja o que ela for, do que alguma vez tiveste na vida.
Interrompemos este programa para o visionamento da verdade (ou algo parecido com ela)
Voltaremos dentro momentos (se sobrevivermos)
É difícil para ti tentar encontrar um consenso entre o que dizes e o que sentes não é? Tu cheiras tretas a quilómetros de distância mas parece que apenas as tuas tem licença para sobreviver. Tu odeias a hipocrisia mas proteges a tua como se duma filha bastarda se tratasse. Mantêns-a à distância de ti, não admitindo-a como tua própria e sim como algo que não tem lugar dentro do teu ser ou daquilo que tu és. Mas ela não te larga a consciência. Flashes de memórias e pensamentos perseguem-te, fazem-te interrogar do que se passou realmente. Da realidade das coisas. Se a tua memória é a certa ou apenas uma imagem irreal que optaste por criar para ser mais fácil conviver contigo próprio ou para teres legitimidade para fazeres certas coisas. Pois essa legitimidade acabou, porque a tua filha ilegítima voltou. E tirou-te o olhar da televisão que mostra as imagens falsas que foram criadas para te fazer acreditar em algo que não foi e não é aquilo que pensas. Tu procuras pela verdade mas por vezes é difícil admitir a verdade quando ela é feia. Quando ela mostra um “tu” que ninguém conhece. Um “tu” humano sem dúvida, mas que não queres ser. Que renegas. E voltas-te para a televisão. Mas desta vez, ela foi mais esperta que tu e escondeu a televisão.
E agora...?
Que vais fazer tu?
Que vais fazer quando para aonde queres que te volte, só a vejas a ela?
Não a queres ver e por isso fechas os olhos. Mas ela está dentro de ti, faz parte do teu ser. Então abres os olhos assustado. E ela continua à tua frente, a sorrir. Um sorrisozinho cabrão como de quem sabe de que acabou de ganhar.
E ela mostra-te aquilo que quizeste manter escondido ou aquilo que não querias crer que era como a verdade. E tu interrogas-te...
Será isto verdade...?
... Ou apenas mais uma mentira?