Monday, August 22, 2005

A Maravilhosa Arte De Criar

Ontem estive a ver um documentário sobre a arte de stand-up comedy, mas não vou falar sobre ele porque é um assunto para uma outra posta num outro blog. Vou antes falar do que aprendi ao ver este documentário. Vou começar com um exemplo. Temos uma pessoa que gosta de pintar. Esta pessoa não é particularmente formada em artes, ela apenas gosta de pintar. Pinta por instinto, porque é o que sente. Certo dia, um amigo seu mostra algum do seu trabalho a uma pessoa ligado à indústria (esta palavra tem muitos sentidos em muitas áreas) que acha o seu trabalho refrescante, original e tudo o mais. Apadrinhado por esta pessoa, conhece o sucesso. O seu trabalho chega ao mundo e é reverenciado por tudo e por todos. Atrás do sucesso vem o dinheiro, os "amigos", as obrigações, as festas que tem que ir e as pessoas que tem que conhecer, falar e manter uma relação na maior parte das vezes, cínica. Aos poucos começa-se a fartar mas como se pode queixar? Está podre de rico e tudo o que tem é fruto da sua paixão por pintar. Mas no meio das festas, das reuniões, dos contratos, das entrevistas, essa paixão foi-se diluindo. A pressão para fazer algo que antes era espontâneo faz com que o resultado seja desastroso. E quando dá por isso, está perdido, não sabe quem é e sente-se miserável por não querer, não ter vontade de fazer aquilo que gostava de fazer.
Obviamente não estou a dizer que todas as pessoas ligadas à pintura passam por isto, até porque contam-se pelos dedos as pessoas que conseguem ficar podres de ricos ou sequer ter sucesso. Na pintura ou em qualquer outra área. Isto é para todos, todos os que sentem prazer em fazer algo e que por uma razão ou outra, já não retiram prazer disso como retiravam. Claro que todos os que constroiem algo, gostam de ter pessoas que admiram os seus trabalhos. Mas não é isso que o move para criar. Essa é apenas a recompensa. O sol não precisa de desculpa para brilhar, apenas brilha.
Existem aqueles que procuram apenas a recompensa, mas é uma maneira estúpida de arranjar amigos, não acham meninos e meninas?
Mas o que faz uma pessoa criar é uma necessidade de tirar algo dentro de si, seja através da escrita, pintura, música, escultura, artes, ciências, limpar retretes. É algo que se tem necessidade de fazer. E ao ter sucesso com o que se faz, por vezes, deixa-se que se dê mais importância. Pegando no exemplo do sol, é como se essa magia interior fosse o sol, sempre presente, sempre lá. Mas a Terra é apenas parcialmente banhada pela sua luz, criando assim a noite onde o sol não chega. Quando se quer criar há sempre uma altura ara isso e não somos nós que a escolhemos, tal como não se escolhe a noite e o dia. E quando se tem a necessidade de criar, esquecemos que por vezes é de noite e quere-se à força que o sol brilhe, mas o sol não brilha quando nós queremos. O sol apenas brilha.
Essa frustração faz com que se ponha em causa tudo e todos e até a si próprio. Chega a ser de dia e não haver sol porque tem tantas nuvens no céu que parece que é de noite. E nos sítios mais estranhos, nos locais mais inesperados e através das pessoas mais insuspeitas, surge a luz. Ao tomar contacto com outras pessoas que fazem aquilo que amam, parece que esse reencontro é imediato. É como se se tivesse a reter a respiração durante meses e ao respirar outra vez fosse uma sensação mista de alívio, dor e alegria. Não é pelo dinheiro, não é pelo reconhecimento, não é pelo estatuto social. É porque é. Simplesmente é. Não há razão, não há explicação. Apenas é. Façam o que sentem, isso vai-vos completar. Senão completar é porque não estão a ser puros, não estão a ser verdadeiros convosco próprios, é porque algo não está bem.
Como já disse atrás, existem pessoas cujos objectivos são as recompensas. Esta pessoas nunca estarão satisfeitas, porque o respeito não se pode comprar e a insatisfação é uma constante quando se quer agradar a todos.
Claro que precisamos de dinheiro para sobreviver, claro que temos que fazer coisas que não gostamos, é a sociedade, a vida e o mundo em que vivemos. E se pensarmos bem, se tivermos noção disto, estamos no estado mais primitivo que poderíamos estar enquanto seres humanos a viver em sociedade. Nós trabalhamos porque precisamos de comer e criamos porque precisamos de criar. E se tivermos sorte e trabalharmos arduamente para isso, talvez um dia possamos comer daquilo que criamos e termos a maravilhosa capacidade de não nos esquecermos que criamos porque precisamos de criar e não porque precisamos de comer...
PS: Estás a ver, querida amiga? Aquilo que falámos ontem? Eu tive que voltar atrás, tive que comprar aquele DVD e tive que o fazer mesmo sem saber porquê. Apenas senti que o tinha que o fazer. E vê no que ganhei em o ter feito... Basta sentir, o resto é pescoço ;)

Wednesday, August 17, 2005

Face Yourself

"She has master level martial arts skills and remarkable courage. But she also has memories. Her ability to inflict harm is not theoretical. Nor is the evil, of which she is inherently capable. She has vividly experienced her own capacity for violence, and this puts her at acute risk. In addition to being less aware of the degree to which evil is inherent in us all. Her experience of being trained almost from birth as an assassin leaves her less than fully able to acknowledge her own capacity for good. Not for doing good. but for being good. The detective is aware of all this...has been especially mindful of it since he took on the girl.

-No! This is not how it works! You do not push me to safety! You keep assuming we're on suicide missions. That's not how I work. It's not effective. Where's your grapple? You left it behind somewhere? The portal it's the exit! I always leave an exit. I knew I could climb to itwith my grapple! You're in a death trap and there's no reason for it! Unacceptable. You do not quit. You fight your way to that exit. I Know. I know what it's like to hate yourself. I know what it's like to view every fight as a potential excuse to go out in a blaze of glory. But that's no way to win. I could save you again, but I'm not going to. If you want to continue working with me...with my family... you need to commit. You need to decide in your bones that you're not going to lie down and die, not going to go down with the ship...and you need to do it now!

He knows all too well that is possible to have memories that you literally cannot bear. The events that took his aprents from him... changed him, literally, from a child into an orphan...that's a memory now. Just as her life as a trained asassin. It's not something she does, not something she is, not even something she has to be...It's something she remembers. And the need to swim through that again, to transform what she believes it means about her... that's her albatross. That is what brings her back to sinking ships. And that is why he ahs to leave her there.
-There's no functioning...motor on that life boat. If we don't pull them out of here right now, the undertow from the ship will pull all of us down. I took the liberty of tying them on. We need to move away...if we leave right now, we'll barely make it. Sir?
-Not yet.
-Oh...you had a woman with you, didn't you? Is she...?You...you left her to drown?
-I left her to decide not to.
He tells himself he would never put her at risk. There are twelve...fourteen different ways to save her, if it comes to that. Ways to save her body, but the truth is...only she can save her soul. If he's honest with himself he might acknowledge that his own motives in letting her test herself might not have been purely unselfish. He knows better that anyone that to skillfully fight back the world's demons you must first conquer your own.

Wednesday, August 10, 2005

Farewell Dance


Retirei este texto de uns livros que ando a ler. É fácil adivinhar donde é. Achei interessante...
<“I wonder what he sees. I wonder how things must look to him since he came back. If this world looks different after you’ve passed on the other side. If it’s a a disappointment. And I wonder what he sees when he closes his eyes, what it is that haunts him so. What those secrets are that he’s so set on keeping to himself. I can’t imagine how lonely it must be for him. I suppose I know as much as anyone about living in the dark. But of course, there are many different kinds of darkness”

-Remember that time down on Charles Street? Oh lord, I thought my feet were going to fall off from all the dancing. And remember what you said to me that night? ‘Mar Blake, keep dancing like that and the sun will be too embarrassed to come up’. Can we believe we were ever that young? Oh. I sure miss you Jack. Who thought I would be without you for so long? But we were lucky, weren’t we? We had a lot of good years. A lot. Not like poor Wanda and Al. You were such a sweet husband, Jack. All a girl could ask for. That’s one thing about the women in the family. We always knew a good man when we saw one.
-Granny Blake…?
-It’s ok, Al. I know you’re there… you can come out now.
-You shouldn’t be out alone after dark. It’s not safe.
-It’s all dark to me, honey. Besides, I know my Guardian Angel is looking out for me. Now, tell Granny Blake what’s troubling you.
-What do you mean?
-I may be blind but I’m no fool. I can hear it in your voice. Now, out with it child.
-Something…something… happened to me. Something very strange, I don’t have the words to explain it, but everything’s different. I can feel the world, the city. Like it’s alive. I can feel your sadness. I followed it to you.
“He’s always so cryptic. Always has been. I keep hoping someday he’ll finally open up to me. Tell me all his secrets.”
-I’m afraid I’m losing myself. I don’t know what feelings are mine anymore. And now I’m afraid I’m starting to forget things about my real life. Things about… Wanda. There’s so much pain in this world. I never knew. How could any God ever allow this?
-Hush now! Don’t blaspheme. You of all people. You’re just feeling sorry for yourself. And that’s ok.
“Everyone needs someone to talk to once in a while. To listen to them. Even angels.”
-You lost the woman you loved. You died and came back and found that she’s married to someone else now. She’s moved on but that doesn’t mean she’s forgotten you. Wanda’s my grandchild. Believe me, I know.
-She’s the only thing I ever wanted in my life. The only thing that ever made sense. But I’m feeling less and less like the man who married her. Every day it fades away just a little bit more. It’s the only thing I have left and I’m losing it.
-Horse fethers!
-What?
-Horse fethers. Nonsense. For someone so bright, there’s sure a lot you don’t know about the heart. Listen, honey, did I ever tell you about me and Jack? I remember it like it was yesterday. I know everyone says that, but it’s really true. It was during the war. The day he walked into the dinner it was like a honey suckle breeze blew into my life. He was sweet and kind of shy and ever so polite. For the first month he just called me ‘Ma’am. Just a cap of coffee, Ma’am. Thank you kindly, Ma’am. You have the most beautiful eyes, Ma’am.’ Gentleman Jack. That’s what my sisters would call him whenever he came calling on me. Now, it didn’t take long to realize we were head over heels for each other. I was just a girl, but I knew. I knew this was the real thing. But things weren’t that simple. As much as I wanted to spend my life with this man, I always knew he was going to leave me. See, like most young men in those days, Jack was in service. A genuine Tuskegee airman, training at the base just outside of town. I remember the day he finally got his wings. It was the proudest moment of his life. There we was. My own knight in shinning armor. Ready to slay all the dragons of the world. But at the same time, my heart was breaking. I’m ashamed to admit it, but part of me wanted him to fail, so he would have to stay behind. I just wanted to hold him forever. The night before his squadron left, there was a big dance. I was proud and nervous and terrified all at once. I couldn’t bear the thought of letting him go. That night we danced so close it felt like we were one person. And then I started to cry. I told him I was a fool, too fool for him, knowing he was going to be taken from me. He just brushed my air off my face and kissed my tears and told me that I had nothing to worry about. He said there was no way he could die. He had to come back to marry me. We announced our engagement that very minute. When the boys left the next morning, I told him ‘Promise me you’ll be safe. Promise me you’ll come home.’ He promised and said no matter how many miles apart, we’d never be far from each other. ‘I’ll be watching you from the skies’ he said. So Jack flew off to war and every night I would pray that the good lord would bring him home to me. He would write me whenever he had the chance, and every letter reminded me why I loved him so. You see, whenever we were together I felt like we were the only tow people alive. But Jack never could forget the rest of the world. He wanted to make a difference. He was fighting to make a better life for everyone, to make a better world for the kids we would someday have. I read each letter a thousand times. To this day, I still have them all memorized. Well my prayers must have reached someone because my Jackie came home to me safe and sound. And the following spring, I married myself a hero. It was the happiest day of my life. But our life was really just beginning. Jack worked his way through law school. Became a lawyer. We moved up here to New York and started a family. What more could we ask for? Of course, Jack still had his crusades. He’d take cases no else would. Take on enemies that’d scare off anyone else. The mob. The unions. Even the government. It wasn’t in him to back down from a fight. That last night whenever I think about it. It’s like a movie running in slow motion. Jackie had been working late a lot. On what he wouldn’t say. But he promised to take me out that weekend, to make things up to me. It was like were kids again. ‘I’m sorry. You’ll have to give me a second…’ You see, it was starting to rain and Jackie told me to wait while he ran and fetched the car. It was just across the street, but he insisted anyway… Gentleman Jack… That was the last thing I ever saw. After that, I didn’t much care if I ever saw anything again.-I’m sorry. I didn’t know…-‘Into each life a little rain must fall’ It’s just that I never got to say goodbye. To look him in the eye one last time. But things did get better. I’ve had a lot of gifts in my life. My kids grew up and they gave me grandkids. And then Wanda grew up married you. Then after you were…gone… she married Terry and they gave me a beautiful little great granddaughter. I can’t complain. But I guess I do get lonesome sometimes. Never thought of remarrying though. The truth is, I didn’t think I was going to live this darn long. But most of all, I have faith. Faith that Jack and I will be together in the next world. Just like you and Wanda will be. You have to have patience, child. See, this life is just a flicker. A heartbeat. And forever’s a real long time. All this passes so quickly. It’s where you spend eternity that matters. What was it like, Al? When your first passed to the other side. I mean. IS it everything you thought it would be? I mean, a war hero like you, I bet they rolled out the red carpet.
-I… It… Let’s just say it wasn’t what I expected. I really can’t tell you anything more. I’m sorry.
-You ok, Al?
-Granny Blake, I want you to come with me. I’ve just had an idea. Please give me your hand.
-What's happening... I feel strange.
-Trust me.
-Where are we? We're somewhere else now, Aren't we?
-It's a special place. A kind of heavenly crossroads. It's called the Dead Zone.
-I don't much like the sound of that.
-Don't worry. I'll be right here. I promise.
"The next thing I know, I'm enveloped by the most incredible sensation, like being wrapped in electric velvet."
-I feel different...What didi you do to me?
-Walk forward... Toward the light. I'm sorry, I can't go with you. But I'll be right here.
-Towards the light? But I'm...Oh my God!
"It may sound silly, but it was several steps before I realized what happened."
-I can see! Oh, gracious! Look at me! Honey, how did you do this?
-Shhh. Just keep heading forward.
-Ok.
"Everything around me was buzzing with energy. Like chain lightning on a summer night"
-Oh, Al. It's wonderful...
"With each step, the feeling got stronger. A warm, sweet glow like floating in honey. I kept thinking it was all some beautiful dream, and that I was going to wake up any second. And then it happened. The miracle."
-Oh my God... It can't be... Oh, sweet heaven, it is...? Jack!!
-There's my girl! You know, you have the most beautiful eyes, Ma'am!
-Oh Jack, Is it really you?
"After all these years, to hold him again. To look in his eyes once more and hear him say 'I love you, Mary Blacke'. And we danced so close it felt like we were one person. I wanted to never let him go. He told me how much he missed me, how much I still meant to him. And that he'll wait for me. That we have an eternity to spend together. I don't know how much time passed... A minute... An hour... A year."
-I have to go. Live your life, Mary Blake. Make the most of the time you have. I'll be waiting for you. no matter what, we'll never be far apart. I'll be watching you from the skies. I love you Mary. I always have and always will.
-I love you too, Jack. I love you too. Oh Al! It was wonderful. How did you do it? An honest to goodness miracle! How can I ever thank you?
-Wait! Stop! Don't cross the threshold. I just wanted to do something for you. I... Oh my God! I didn't realize...you... you look just like Wanda!
-Come here, Al. I want to see what my Guardian Angel looks like.
-No, I can't.
-Hush. I may look 21 but I'm still your elder. Now, do as I say. Come on. Closer. Oh Al, you're beautiful. Thank you Al.
"As I kissed him, I took one step out of the doorway and then everything went dark again."

-Thank you. You just made an old woman very happy.
-I'm glad.
-Do you see what I mean now? It's the forever that counts. The world is full of men who will march into hell for a pretty girl, but it's the good ones who will open the gates of heaven for her. Terry's a fine man. He'll take a good care of Wanda. But he's not her soulmate. Not like you. I figure God must have something big planned for you if he brought you back, but you keep missing it because you can't see past Wanda. You have to let her go. For a while anyway. Let her live her life. You've got big things in store for you, Al Simmons. That much, I'm sure of. And you'll have an eternity to spend with Wanda. Just have a little faith.
-But that's just it...
-Shhhh. I know it's hard. True love always is. If It wasn't, everyone would do it.
"You know, love is a funny thing. It'll sweep you off your feet and spin you all around but sooner or later, something happens to bring you down to earth. And that's when the work starts. 'cause what's worth having is worth fighting for. Worth sacrificing for. That's what real love is. 'Gentleman' Jack Black taught me that. So what happens next? If you ask me, Al will find a way to say goodbye his Wanda, at least for now. But he'll always be watching out for her. Just like my Jackie. And then, he'll go off and find out what lies ahead for him. Find the answers he's been looking for. And then, when he finally finds his true path, no matter how long and hard the journey, in the end it will lead him back to her. And they'll be together again. If not in this world, then in the next. I may not know a lot of things, but I do know that."
-No matter what it takes...>

Sunday, August 07, 2005

A Doença

Eu sei que tinha dito que me tinha conquistado, que sabia onde começava e acabava a minha pessoa e que isso me iria fazer suportar tudo e até influencias internas e externas que sempre estiveram presentes na minha vida. Eu sei que quando disse isto parecia super-humano e capaz de vencer o mundo e estava a ser sincero. Mas hoje e como devem ter reparado na última posta, eu não sou assim tão forte. Consigo suportar o mundo pelos outros, consigo fazer sacrificios pelos outros mas não por mim próprio. Talvez seja a altura de admitir perante mim mesmo e perante aqueles que se preocupam comigo que estou doente. Que estou com uma doença que me está a matar aos poucos, por mais que eu corra, ria, chore, a doença continua lá. Já é a segunda vez que admito que tenho esta doença mas agora ainda estou mais perdido do que 5 anos atrás. Eu não sei o que fazer. Eu não sei qual é a solução. Cada vez menos quero viver e acabo por viver para não desiludir aqueles que gostam de mim, aqueles que querem que esteja bem. Mas eu não devo viver por eles, devo viver por mim. Só não estou a conseguir, não tou a aguentar esta dor que cresce de dia para dia, que me segue nas minhas costas e quando me volto ela passa para a minha frente, anda tempos e tempos escondida de mim, até que aparece de repente e a surpresa, o susto é de tal maneira enorme que entro em pânico, apetece-me para fugir, mas sei que não tenho por onde fugir, sei que não devo fugir. Eu tenho que enfrentar. Eu sei disso. Mas a cada batalha, cada derrota e a cada derrota, as forças para a próxima batalha são menores e eu não quero que antes de começar uma batalha que eu caia para o lado de exaustão. Não venho aqui aproveitar este momento de lucidez para me vangloriar que tenho força e que sobrevivi a mais uma batalha, que sou forte. Não. Venho aqui aproveitar este momento de lucidez para dizer que tenho medo, que sinto algo que não quero dentro de mim a crescer. Venho aqui pedir ajuda, porque eu não vejo outro meio de o pedir. Ajudem-me por favor, quem eu conheço, quem eu não conheço. ALGUÊM! Tenho que ser eu, a ajuda tem que ser minha, mas isto é o máximo que consigo fazer. Eu já tentei tudo, não sei mais o que fazer, não sei como me curar. Eu não quero pena, não quero piedade, luto ao máximo para não cair em sessões de lamechices de auto-compaixão e essa é a minha maior vitória. Mas tudo o resto está a cair á minha volta, tudo está a escurecer e eu não sei mais que fazer. Sou eu que tenho que pintar a minha vida mas eu tou cego. Não vejo nada, Não vejo mais nada para além do que perdi. Sinto que perdi o que de mais precioso tinha. Quando as pessoas morrem eu acho que não as devemos enterrar, que devemos guardar as suas recordações dentro de nós, que elas ficam a fazer parte de nós, parte do nosso ser. Eu perdi alguém muito importante para mim e essa pessoa nem morreu. Eu perdi parte do meu ser e a outra que ficou não quer continuar a viver. ..
Eu vou continuar, não vou desistir e espero conseguir, porque hoje eu tomei contacto com os demónios mais perigosos de todos. Não os que querem entrar, não aqueles que insensatamente convidei a entrar, mas sim os que já cá estão dentros. Como se de um filme de terror se tratasse, quando a personagem principal descobre uma maneira de acabar com o monstro, ela no final, acaba por ver que certos males vieram para ficar. Eu quero provar que isto não vai acontecer, mas ao contrário do que aconteceu antes, não vou dizer que vai acontecer, porque depois do que tenho vivido nestes últimos meses, a única certeza que tenha na vida é na morte. O resto é surpresa e normalmente surge como um murro no nariz.
Acabo por descobrir, com isto tudo, o verdadeiro significado deste blog e do seu título. Aqui exponho a minha alma, com tudo de bom e mau isso traz e aqui uso essa exposição para descarregar o que doutra maneira (e como sempre foi feito antes) ficava dentro de mim e acabava por ser uma arma de arremesso contra mim próprio. Eu tenho mesmo que me tratar, a próxima sessão de terapia é só em Outubro e falta tanto tempo até lá...

Odeio-ME!

Outro dia, outra noite, nada mudou, nada era suposto mudar, cada dia que passa é um dia através do processo de cura, um dia mais perto desse objectivo. Não ligues ao facto de estares pior desde que iniciaste o tratamento, tu conheces recaídas, praticamente inventaste o termo. E o que isso importa para ti ou para alguém? Tu escondes-te tão bem do mundo que é surpreendente que até tu próprio saibas ondes estás. Ahhh, mas espera, o problema é esse mesmo. Tu não sabes onde estás, tu nem queres saber onde estás. Isso não problema de ninguém a não ser teu. Mas o teu problema é não é esse. O problema é tu não te importares. E o problema é teu, aguenta-te, vive ou morre com isso, eu pessoalmente estou a cagar-me para ti, sempre tive. Vive ou morre, tanto me faz, talvez num caso ou noutro ganhes alguma paz. Tu. o eterno obcecado pela paz, não a consegue encontrar quando está isolado de tudo e de todos. Quere um concelho? Interna-te. As drogas mantêm-te dormente e dormes 16 horas por dia se ficares muito agitado. Ou isso ou mata-te, estou farto de te aturar. Todos estão fartos de aturar as tuas merdas. Desaparece. De uma vez por todas.

Saturday, August 06, 2005

Depois de tudo

Depois de tudo dito e feito, supostamente viria a paz. Supostamente. É estranho ela ainda não ter chegado. O que a impede? Seguindo o meu lema de vida de uns anos para cá (e embora estivesse cego muitas das vezes em que não o segui)- Não procures, encontra - eu tento não procurar ilusões para confortar o meu actual estado. Eu tento mas nem sempre consigo. Mas isto levar ao máximo também pode levar a um estado de apatia ao qual não quero voltar. Continuo a acreditar que devemos lutar por aquilo que queremos com todas as nossas forças e não o faço agora por acreditar que isso iria provocar mais mal que bem. Fui levado a este caminho, por pessoas, por acontecimentos e por mim mesmo, por acreditar que era o menos mau de todos os outros. A paz que queria ter e não tenho provavelmente ainda não chegou por inconformidade, por medo que a realidade presente seja a inescapável realidade futuro (não que o futuro me preocupe muito...), por querer lutar, por querer continuar a lutar. Como o velho soldado que volta a casa e se sente vazio por não ter mais objectivo na vida. Talvez este velho soldado tivesse voltado cedo demais a casa, ou então não estivesse pronto para parar de lutar por uma causa que acredita. Mas ele não tem escolha, as decisões não partem dele, ele é apenas um instrumento de pessoas mais poderosas que ele, de pessoas que decidem o seu destino. Embora pareça contraditório, ele quer a paz e essa paz é atingida depois de uma guerra ganha da qual ele perdeu muitas batalhas. Ele sabe isso, ele sente isso mas as suas mãos estão atadas e ele só pode esperar que o chamem outra vez, que lhe ofereçam outra oportunidade para lutar...outra vez.
Parece um paradoxo, eu sei. Não procurar pela paz mas encontrá-la. Mas se for a analisar bem, até faz muito sentido. O soldado idílico é aquele que conhece os seus limites e o que combate as guerras que precisam de ser combatidas, as guerras em que ele acredita que a sua vitória possa trazer algo de positivo. Ele não procura pela guerra, ela vem ter com ele, tal como tudo na vida.
Depois de tudo dito e de tudo feito, continuo sem paz, sem dormir, sem descansar. Estou a adaptar-me a uma realidade que não gosto, uma realidade que para mim é vazia de sentido e significado, mas estou a tentar. Não procuro pela felicidade mas sim tento encontrar algum relativo bem estar que pelo menos me permita dormir. Acho que não é pedir muito.

Thursday, August 04, 2005

A Despedida de Gabriel Garcia Marquez

"Se por um instante Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me oferecesse mais um pouco de vida, não diria tudo o que penso, mas pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, entendo que por cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os outros param, acordaria quando os outros dormem. Ouviria quando os outros falam, e como desfrutaria de um bom gelado de chocolat e! Se Deus me oferecesse um pouco de vida, vestir-me-ia de forma simples, deixando a descoberto, não apenas o meu corpo, mas também a minha alma. Meu Deus, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperava que nascesse o sol. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas de um poema de Benedetti, e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à lua. Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos seus espinhos e o beijo encarnado das suas pétalas... Meu Deus, se eu tivesse um pouco de vida... Não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas de quem gosto que gosto delas. Convenceria cada mulher ou homem que é o meu favorito e viveria apaixonado pelo amor. Aos homens provar-lhes-ia como estão equivocados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se apaixonar! A uma criança, dar-lhe-ia asas, mas teria que aprender a voar sozinha. Aos velhos, ensinar-lhes-ia que a morte não chega com a velhice, mas sim com o esquecimento. Tantas coisas aprendi com vocês, os homens... Aprendi que todo o mundo quer viver em cima da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a encosta. Aprendi que quando um recém-nascido aperta com a sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do seu pai, o tem agarrado para sempre. Aprendi que um homem só tem direito a olhar outro de cima para baixo quando vai ajudá-lo a levantar-se. São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas não me hão-de servir realmente de muito, porque quando me guardarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer..."