Saturday, August 06, 2005

Depois de tudo

Depois de tudo dito e feito, supostamente viria a paz. Supostamente. É estranho ela ainda não ter chegado. O que a impede? Seguindo o meu lema de vida de uns anos para cá (e embora estivesse cego muitas das vezes em que não o segui)- Não procures, encontra - eu tento não procurar ilusões para confortar o meu actual estado. Eu tento mas nem sempre consigo. Mas isto levar ao máximo também pode levar a um estado de apatia ao qual não quero voltar. Continuo a acreditar que devemos lutar por aquilo que queremos com todas as nossas forças e não o faço agora por acreditar que isso iria provocar mais mal que bem. Fui levado a este caminho, por pessoas, por acontecimentos e por mim mesmo, por acreditar que era o menos mau de todos os outros. A paz que queria ter e não tenho provavelmente ainda não chegou por inconformidade, por medo que a realidade presente seja a inescapável realidade futuro (não que o futuro me preocupe muito...), por querer lutar, por querer continuar a lutar. Como o velho soldado que volta a casa e se sente vazio por não ter mais objectivo na vida. Talvez este velho soldado tivesse voltado cedo demais a casa, ou então não estivesse pronto para parar de lutar por uma causa que acredita. Mas ele não tem escolha, as decisões não partem dele, ele é apenas um instrumento de pessoas mais poderosas que ele, de pessoas que decidem o seu destino. Embora pareça contraditório, ele quer a paz e essa paz é atingida depois de uma guerra ganha da qual ele perdeu muitas batalhas. Ele sabe isso, ele sente isso mas as suas mãos estão atadas e ele só pode esperar que o chamem outra vez, que lhe ofereçam outra oportunidade para lutar...outra vez.
Parece um paradoxo, eu sei. Não procurar pela paz mas encontrá-la. Mas se for a analisar bem, até faz muito sentido. O soldado idílico é aquele que conhece os seus limites e o que combate as guerras que precisam de ser combatidas, as guerras em que ele acredita que a sua vitória possa trazer algo de positivo. Ele não procura pela guerra, ela vem ter com ele, tal como tudo na vida.
Depois de tudo dito e de tudo feito, continuo sem paz, sem dormir, sem descansar. Estou a adaptar-me a uma realidade que não gosto, uma realidade que para mim é vazia de sentido e significado, mas estou a tentar. Não procuro pela felicidade mas sim tento encontrar algum relativo bem estar que pelo menos me permita dormir. Acho que não é pedir muito.

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