Sunday, August 07, 2005

A Doença

Eu sei que tinha dito que me tinha conquistado, que sabia onde começava e acabava a minha pessoa e que isso me iria fazer suportar tudo e até influencias internas e externas que sempre estiveram presentes na minha vida. Eu sei que quando disse isto parecia super-humano e capaz de vencer o mundo e estava a ser sincero. Mas hoje e como devem ter reparado na última posta, eu não sou assim tão forte. Consigo suportar o mundo pelos outros, consigo fazer sacrificios pelos outros mas não por mim próprio. Talvez seja a altura de admitir perante mim mesmo e perante aqueles que se preocupam comigo que estou doente. Que estou com uma doença que me está a matar aos poucos, por mais que eu corra, ria, chore, a doença continua lá. Já é a segunda vez que admito que tenho esta doença mas agora ainda estou mais perdido do que 5 anos atrás. Eu não sei o que fazer. Eu não sei qual é a solução. Cada vez menos quero viver e acabo por viver para não desiludir aqueles que gostam de mim, aqueles que querem que esteja bem. Mas eu não devo viver por eles, devo viver por mim. Só não estou a conseguir, não tou a aguentar esta dor que cresce de dia para dia, que me segue nas minhas costas e quando me volto ela passa para a minha frente, anda tempos e tempos escondida de mim, até que aparece de repente e a surpresa, o susto é de tal maneira enorme que entro em pânico, apetece-me para fugir, mas sei que não tenho por onde fugir, sei que não devo fugir. Eu tenho que enfrentar. Eu sei disso. Mas a cada batalha, cada derrota e a cada derrota, as forças para a próxima batalha são menores e eu não quero que antes de começar uma batalha que eu caia para o lado de exaustão. Não venho aqui aproveitar este momento de lucidez para me vangloriar que tenho força e que sobrevivi a mais uma batalha, que sou forte. Não. Venho aqui aproveitar este momento de lucidez para dizer que tenho medo, que sinto algo que não quero dentro de mim a crescer. Venho aqui pedir ajuda, porque eu não vejo outro meio de o pedir. Ajudem-me por favor, quem eu conheço, quem eu não conheço. ALGUÊM! Tenho que ser eu, a ajuda tem que ser minha, mas isto é o máximo que consigo fazer. Eu já tentei tudo, não sei mais o que fazer, não sei como me curar. Eu não quero pena, não quero piedade, luto ao máximo para não cair em sessões de lamechices de auto-compaixão e essa é a minha maior vitória. Mas tudo o resto está a cair á minha volta, tudo está a escurecer e eu não sei mais que fazer. Sou eu que tenho que pintar a minha vida mas eu tou cego. Não vejo nada, Não vejo mais nada para além do que perdi. Sinto que perdi o que de mais precioso tinha. Quando as pessoas morrem eu acho que não as devemos enterrar, que devemos guardar as suas recordações dentro de nós, que elas ficam a fazer parte de nós, parte do nosso ser. Eu perdi alguém muito importante para mim e essa pessoa nem morreu. Eu perdi parte do meu ser e a outra que ficou não quer continuar a viver. ..
Eu vou continuar, não vou desistir e espero conseguir, porque hoje eu tomei contacto com os demónios mais perigosos de todos. Não os que querem entrar, não aqueles que insensatamente convidei a entrar, mas sim os que já cá estão dentros. Como se de um filme de terror se tratasse, quando a personagem principal descobre uma maneira de acabar com o monstro, ela no final, acaba por ver que certos males vieram para ficar. Eu quero provar que isto não vai acontecer, mas ao contrário do que aconteceu antes, não vou dizer que vai acontecer, porque depois do que tenho vivido nestes últimos meses, a única certeza que tenha na vida é na morte. O resto é surpresa e normalmente surge como um murro no nariz.
Acabo por descobrir, com isto tudo, o verdadeiro significado deste blog e do seu título. Aqui exponho a minha alma, com tudo de bom e mau isso traz e aqui uso essa exposição para descarregar o que doutra maneira (e como sempre foi feito antes) ficava dentro de mim e acabava por ser uma arma de arremesso contra mim próprio. Eu tenho mesmo que me tratar, a próxima sessão de terapia é só em Outubro e falta tanto tempo até lá...

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