Thursday, September 27, 2007

Hard Times Killing Floor Blues

Hard time here and everywhere you go
Times is harder than ever been before

And the people are driftin' from door to door
Can't find no heaven, I don't care where they go

Hear me tell you people, just before I go
These hard times will kill you just dry long so

Well, you hear me singin' my lonesome song
These hard times can last us so very long

If I ever get off this killin' floor
I'll never get down this low no more
No-no, no-no, I'll never get down this low no more

And you say you had money, you better be sure
'Cause these hard times will drive you from door to door

Sing this song and I ain't gonna sing no more
Sing this song and I ain't gonna sing no more
These hard times will drive you from door to door

Skip James

Saturday, September 15, 2007

Amor

Amor

do Lat. amore

s. m., viva afeição que nos impele para o objecto dos nossos desejos;
inclinação da alma e do coração;
objecto da nossa afeição;
paixão;
afecto;
inclinação exclusiva;
ant., graça, mercê.

A leveza da palavra e o peso da acção
Amar
Sem receios
Sem compaixões
Amar
Puramente
Sem controlo

O conflicto entre bem e mal
Homem e mulher
Desejo e sentimento
Carência e luxúria
Pensar e sentir
Dor
Plenitude

A busca eterna por um ideal que faz saltar os mais antagónicos sentidos do ser humano reúne-nos aqui neste local. Todos já amámos pelo menos um dia na nossa vida mas mesmo assim torna-se difícil definir o sentimento. Por isso, por vezes tememos nos repetir, vulgarizar um sentimento especial. Dizer demasiadas vezes e em vão o nome perdido de Deus e com isso sermos amaldiçoados por nossa leviandade. E muitas das vezes não o dizemos. As pessoas passam uma vida ao lado da nossa sem que lhes tenhamos dito: "amo-te". Não por palavras, mas por gestos. A única maneira de dizer algo e fazendo-o sentir também, não apenas uma palavra que se renega em raiva quando somos rejeitados ou que se enaltece por pensar que somos abençoados em relação ao resto da humanidade, por estarmos a viver o nosso dia de amor e por pensar tolamente que ele se perpetuará para sempre no reflexo daquela pessoa.

O ser humano escondeu segredos de si próprio pela incompreensão da dádiva que tem, pela facilidade que tem em que se esquecer do que já lhe foi ensinado. A busca pelo nome perdido é tão inútil como a procura do amor, da alma gémea. Pela procura de um ideal falso que se quer perpetuar. Não perceber que a sua lanterna não necessita de combustível para dar luz, que ela é por si só eterna. Que atrai a todos com a sua luz, que ela é um guia para todos, eternamente. E de esquecimento em esquecimento, a escuridão instala-se na mente, devido à confusão entre o que o seu coração sente e o que a sua mente raciocina. E inicia-se a busca. Por aquela pessoa, o messias que nos vai salvar de nós próprios, que nos vai amar porque nós não o conseguimos fazer. Não acreditamos... e precisamos de outra pessoa para nos fazer acreditar, precisamos de um sacerdote, de um deus, de algo a quem consideramos superior.
Alguém que nos diga:

Amo-te.

Sem piedade, sem tristeza, sem desejo.

No fundo procuramos todos pelo mesmo dia, o dia em que é suposto amar, sem nos apercebermos que vivemos para amarmos todos os dias.

Tuesday, September 11, 2007

A Estação

A estação estava cheia de jovens. Todos falavam todos socializavam. Conforme os comboios paravam, as pessoas iam entrando. Conforme o destino pretendido. Um jovem, no entanto, estava de costas voltadas para a linha. Olhava para os carros que paravam em frente à estação, no café de luxo. Homens engravatados, cheios de poder, mulheres, respeito. O jovem dizia si mesmo que era aquilo que queria para si mesmo. Era aquele o objectivo. Tentou sair da estação para ir para aquele café, conseguir de alguma forma ser visto por alguém. Mas a estação estava fechada para o exterior. Um velho vagabundo vem ter com ele a pedir esmola, mas ele enxota-o como se fosse um insecto. Não olhando para trás, tenta saltar a vedação, rasgando as suas roupas todas. Mas tinha conseguido chegar ao café. Lá dentro estava tudo o que sempre sonhou. Mulheres lindas de morrer, luxo, riqueza. Durante longos minutos tenta fazer com que reparem em si, mas todos agem como se ele não existisse. Uma mulher aproxima-se dele. Era linda. Ela pergunta-lhe quem ele é e o que está a fazer ali. Ele conta-lhe tudo, todos os seus sonhos. Ela leva-o para o quarto e dá-lhe a noite da sua vida. Nunca antes tinha sentido tamanho prazer e pensou para consigo mesmo:

"Consegui! Estou cá dentro!"

Quando abre os olhos, estava com frio. Encontrava-se à porta do café, todo nu. O café estava fechado. Com frio e sem ver ninguém em redor, só lhe resta voltar para a estação. Estava vazia, já todos tinham embarcado. Durante muito tempo esperou e esperou e quando finalmente veio um comboio, ele não parou. Outro e mais outro e nenhum parou.
O jovem era agora um velho. Com vergonha de estar nu. De estar sujeito aquela humilhação. Estava sozinho. Até que ao seu lado surge um velho vagabundo, que despe o longo casaco e lhe dá, sorrindo. O outrora jovem, chora.

E mais um comboio passou.

E não parou.