Caso Resolvido

Não se vê, mas sente-se. E não há como explicar. Pelo menos para alguém que tem a dificuldade em explicar o que sente.

Conforme os tempos vão mudando pequenas coisas interiormente vão mudando. Não se dá conta dessas mudanças mas se se estiver atento pode-se reparar nelas. E elas não são muito importantes... apenas... curiosas.

(A anestesia da vida impede-me de pensar, preciso de tabaco para activar os neurónios - diria Holmes)

A importância de resolver um crime paranormal e insignificante ao qual ninguém apresentou queixa é menos que nula. Paranormal porque ninguém o vê e apenas uma pessoa sente. E essa pessoa, condenada injustamente por um crime que julgava ter cometido, descobre que em vez de criminoso é vitima (embora seja alérgico a esta palavra)

"Não há provas, não há testemunhas (também quem o quereria ser?)... não há caso.
Lamentamos mas não temos caso. E por isso tem de ser arquivado."

Será que arquivar casos é uma forma de os resolver? Provavelmente não.

Aposto que o velho Holmes diria:

Quando todas as hipóteses possíveis forem eliminadas, a impossível que restar será a correcta.

Tremer

Incrivel o que o cansaço nos faz. Não, a sério. Torna-nos lentos de movimentos e a voltar atrás, aos mesmos erros.

"Tiro a camisola para o frio me fazer tremer"

Tremo, mas pelos motivos errados. À mercê das emoções humanas e refém da mente presa no labirinto de um corpo cansado. Tremer por aquele sentimento me invadir uma vez mais. Tremer por conter o que ele me provoca.

"-Este não sou eu!Este não sou eu!Este não sou eu!Este não sou eu!Este não sou eu!Este não sou eu!!"

Engulo mais uma vez tudo o que quer sair cá para fora. Engulo tudo aquilo que não me permito sentir. Tremo enquanto ela se enrola nas minhas pernas. Não é nojo. Não se tem nojo do que se ama. Não é medo. Não se tem medo do que se conhece. É algo bem pior. É quando acontece interiormente o que já aconteceu exteriormente.

E cá dentro não há nada para destruir...

...nada que não esteja já destruído.