Saturday, September 24, 2005

Família

Ao falar com uma querida amiga minha sobre algo sem interesse como...não interessa! Estavamos a conversar e eu apercebi-me que durante a nossa conversa sobre o recente cansaço dela, sobre decisões que tem que ser tomadas e sobre o medo das suas consequências na nossa vida. Já falei aqui antes disto, de decisões e das suas consequências. Alguns aceitam, a maioria nem por isso e fogem das consequências. Mas desses também não interessa falar. O ser humano aglutina conhecimentos. No decorrer da sua vida passa por fases, transformações, pessoas vão e pessoas vêm. Muitas linhas eu já escrevi aonde estava e para aonde queria ir, mas não interessa. Essa é a questão é insignificante. Tenho uma habilidade para ver sempre só a lua no sistema solar. Mas não faz mal, vivendo e aprendendo. E qual foi a lição de hoje, meninos e meninas? Não interessa onde estamos, não interessa para aonde vamos, interessa quem vai connosco, quem quer ir connosco. E essa é a minha família. Era isso que disse à minha querida amiga. Que a adorava pelo o que ela é e por essa essência não mudar, por eu saber que não vai mudar. E se mudar vai ser porque mudei também. E depois de tantas coisas na nossa vida, de tantas mudanças, de tantos altos e baixos, de tantas perdas e ganhos, a nossa essência continua lá. Nós evoluímos mas somos os mesmos. Cada um à sua maneira, com diferentes problemas e personalidades mas ambos ultrupassámos isso, ambos os estamos a ultrupassar, à nossa maneira. E tenho orgulho de mim mesmo, por ter na minha família uma quantidade enorme de pessoas assim, pessoas que estão longe, de quem quero estar constantemente mas que estão sempre presentes. É um orgulho sentir que apesar de estarmos dispersos pelo espaço estamos junto pelo afecto. A família é enorme e está a crescer. E eu pergunto-me, porquê? E a resposta é "Não interessa". Coimbra, Setúbal, Gouveia, Olivais, Maia, Telheiras, Azambuja, Vilar do Paraíso, Alenquer, Aldeia do Meco, Barreiro, Cartaxo, Madeira, Leiria, Pinhal Novo, Vala do Carregado, etc, etc, etc. Todos espalhados, mas todos juntos por algo que os une. E o engraçado é que a maior parte deles não se conhecem uns aos outros. Mas todos estão lá. E sentem-se bem e eu sinto-me bem. Irmãos e irmãs. Por vezes somos pais, por vezes somos filhos mas a irmandade perdura. E vai perdurar, como tudo na vida, porque é verdadeira. É um sol que brilha e que vai continuar a brilhar. Porque tal como esta minha querida amiga, não há adjectivos para descrever esta família. Ela apenas é e vai continuar a ser. Tal como eu sou...e vou continuar a ser.
Aos meus irmãos e irmãs...

Saturday, September 17, 2005

Truth Within

"One day you'll ask to speak of the truth, of the miracle of your birth, to explain what is unexplained. And if I falter or fail on this day, know there is an answer, my child. A sacred, imperishable truth, but one you may never hope to find alone. Chance meeting your perfect other, your perfect opposite, your protector, your endangerer. Chance embarking with the other on the greatest of journeys, a search for truths and imponderable. If one day this chance may be fall you, my son, do not fail or falter to seize it. The truths are out there. And if one dayyou should behold a miracle, as I have in you, you will learn the truth is not found in science or in an unseen plane, but by looking into your own heart. And in that moment you will be blessed and stricken. For the truest truths are what holds us together or keep us painfully, desperately apart..."

Saturday, September 10, 2005

Pincelada Amarela (For that Special K)

Quando se fala de vida, fala-se da soma dos bons e dos maus momentos. Os amigos que se tem, como eles entraram nas suas vidas, as aventuras, o primeiro beijo, o verdadeiro amor e a perda deste mesmo. Depois de um mau momento, a tendência é para perpectuá-lo inconscientemente e ao mesmo tempo tentar esquecê-lo conscientemente. O sofrimento é masoquista, cruel e imparável. Escapa do controlo próprio. Ele torna-se um ser independente, com um plano de acção independente. Tira o sono, tira a fome. Vai roubando a vida aos poucos, como se de uma sanguessuga se tratasse. Não quer nem admite que alg se intrometa no seu caminho, os amigos e os bons momentos. Tenta separar os amigos da sua vitima, tenta isolá-la. E consegue porque ela embarca facilmente nesse caminho, porque não vê mais nada, nada mais além do que a dor que a consome lentamente. O sofrimento sai vitorioso, porque é fácil, dolorosamente fácil. Mas noutros casos, por muito que ela esteja isolada, os amigos não desistem.. Por muito que os bons momentos se tornem em maus momentos, esse apoio consegue suportar isso. Pelo menos até andar sozinha outra vez. Não é fácil esse caminho, exige paciência, dedicação e muita força. Exige mais do que se pode dar. E para isso servem os amigos, para pegar na vitima quando ela está em baixo, quando quer ser abandonada, por mostrar que "Hey, nós gostamos de ti, nós estamos aqui para ti, como tu estiveste tantas vezes para nós no passado". A vitima sorri, chora. Interroga-se de o quão deve ser especial para ter tanta gente que goste dela. A dor,o sofrimento vão continuar lá, porque nada nem ninguém a pode tirar a não ser o tempo. Mas ela não está só. Ela pode sentir a solidão extrema, pode gritar de dor, mas tem sempre pessoas especiais, os verdadeiros amigos, que partilham momentos da sua vida. Momentos que se tornam mágicos, não por acontecer algofora do normal, mas por serem momentos que se partilham dores e alegrias. Momentos à beira rio, num centro comercial, num jardim com vista para o por de sol ou num quarto a quilometros de casa. A vítima fala, chora, solta a sua tristeza e dor. E quem escuta não precisa de dizer nada...basta estar lá, basta ouvir e dizer: "Eu estou aqui para ti, para o que precisares". Nos momentos em que o sofrimento ataca tudo é esquecido, os olhos são cegados. Para combater isso ajuda ter a possibilidade de viver esses movimentos mágicos de que falei atrás. Ajuda muito. Quando se é vítima do que se sente e não se consegue deixar de sentir, ajuda partilha um por de sol num local distante com alguém que quer ajudar. A luta continua a ser travada mas uma simples pincelada amarela no céu significa que essa luta não é travada sozinha. Como se uma simples picelada amarela fosse o símbolo que apesar de toda a solidão, não se está só (mesmo que seja um paradoxo difícil de entender ou não se queira mesmo entender). Como se se tivesse mil e um sinónimos de amizade e amor. Como se fosse um quadro pintado por uma entidade superior para duas pessoas. Um quadro chamado esperança.

Monday, September 05, 2005

Conclusões

Após uma pequena conversa com a minha mais nova amiga e após umas impressões trocadas com pessoas dessa grande comunidade que é o DA, cheguei a algumas novas conclusões e reforcei umas que já tinha. Todos passam por dificuldades, todos sofrem, todos vivem e todos querem viver, por muito em baixo que estejam e que não vejam mais nada para além da dor. É bom sentir que há outras pessoas que passaram ou passam pelo o mesmo que eu (de maneira diferente) não por ser reconfortante por ver alguém sofrer da mesma maneira que eu mas porque me faz sentir que afinal não é nada do outro mundo, afinal é apenas mais uma fase da vida como outra qualquer. Uma fase difícil e embora não seja nova a situação, a magnitude o é certamente. Mas de qualquer maneira, reafirmei a conclusão que já tinha encontrado há muito tempo. Tento procurar por respostas, soluções a um problema, a uma pergunta de retórica. Não há uma resposta universal, não há uma solução para um tópico. Se houver é :"Continua". Mas isso não resolve nada, não faz com que a dor pare. Faça-se o que se fizer, isso é continuar. Seja de uma maneira positiva ou negativa, é uma continuação. Nada fica a meio, as coisas simplesmente não funcionam assim. Por muito que peça concelhos, que implore por ajuda, por luz, ela tem que partir de mim, porque ninguém pode viver a minha vida por mim. Provavelmente não estou a fazer as coisas bem, provavelmente não estou a reagir bem. Talvez. Não tenho a arrogância de partir do principio de que estou inevitavelmente certo. Mas o facto de não ter certezas, não faz com que me sinta errado. Não faz com que sinta que os últimos 24 anos tenham sido um erro, que a minha maneira de viver e de ver o mundo está errada, porque sinceramente não o sinto. E ao fim de contas, como se reage quando se perde alguém que se ama? Quando os nossos familiares morrem ou quando a pessoa que amamos não está connosco, a solução parte por alterar os nossos hábitos? É essa a solução dada por a maior parte das pessoas com quem falei. "Tens que fazer isto, tens que fazer aquilo". Mas é de mim ou isto não faz sentido nenhum? Perdoem-me as pessoas que pensam isto, não quero parecer ingrato, até porque agradeço todos os concelhos e opiniões e quero-as sempre porque elas são muito importantes para mim, para saber o que as pessoas pelas quais tenho consideração pensam. Mas esta é a minha opinião. Eu não vou o fazer por sofrer por alguma razão masoquista, ou por não querer seguir em frente. EU QUERO SEGUIR EM FRENTE. É o que tenho estado a fazer, é o que vou continuar a fazer. Porque não há outra alternativa. Mas mesmo que não houvesse é o que eu sinto que devo fazer. Não acredito em simplesmente mudar a minha personalidade para deixar de sentir dor. Eu sinto dor porque a pessoa que saiu da minha vida era muito importante. Eu não me posso iludir que se me tornar outra pessoa, essa importância desaparece. Posso a tapar com milhentas coisas, posso me enganar com tudo o que este mundo tem para oferecer mas vai sempre voltar. E quando voltar e eu sentir a dor outra vez, vou-me interrogar "Porquê fingir que sou outra pessoa?De que valeu a pena?".
Tenho muitas pessoas que me apoiam, nem todas me percebem, nem eu me percebo mas já cheguei á conclusão que não vale a pena que isso aconteça. É bom mas não é o importante, o importante é estar lá, nestes momentos difíceis e eles estão cá. Por causa de mim, porque há algo em mim que lhes diz que sim, que vale a pena me ajudar, porque eu ofereço algo em troca, algo que eles não pedem e eu dou sem sequer me aperceber. E o que eu posso oferecer se simplesmente deixar de ser eu? Será que eu vou continuar a ser importante para eles se mudar? Se de repente fizer tudo o que for contrário á minha personalidade, vou ser feliz? Isso foi um bom episódio do Seinfeld mas também só resultou durante 25 minutos. Não acredito que dure mais do que isso. Eu sou o que sou e não vou fugir mais a isso, já cheguei a essa conclusão uns tempos atrás. Eu não estou a sofrer por estar em casa, eu não estou a sofrer por ser anti-social, eu não estou a sofrer por gostar de ouvir música com conotações negativas ou por gostar de filmes dramáticos. Eu estou a sofrer porque perdi uma pessoa que era importante para mim. E a solução não é sair de casa, não é estar com pessoas que não quero estar, não é começar a ouvir música alegre ou dita positiva (se bem que não vejo o que haja de positivo em música de dança) e não é deixar de ver filmes dramáticos. Isso não é a solução, porque o problema não é a minha vida. Porque se a minha vida estava bem o ano passado, não é por uma pessoa sair dela que é indicativo que tudo o resto está mal, porque tudo o resto não está mal. Porque este é o meu caminho. O meu. Não significa que o seja para as outras pessoas porque sou eu que o sinto, sou eu que o construí e sou eu que o vou continuar a construir. Não o recomendo a mais ninguém porque não há ninguém igual a mim. Que pense da exacta maneira que eu penso e que sinta as coisas como eu sinto. E acredito que cada pessoa por isso mesmo é única, e que deve encontrar o seu próprio caminho. Eu encontrei o meu, muito antes de me aperceber disso. E não estou arrependido porque embora ele me traga algum sofrimento (que está a diminuir devido ao que evoluí) o que me trouxe de positivo foi imensamente maior e sei que o melhor está para vir. Agora não me digam que ele é a causa da dor porque a causa da dor é algo que nem sequer está presente na minha vida. Não faz sentido. E hoje em dia...tudo faz sentido, pelo menos na minha vida.
Por isso, aos que pensavam que me iam arrancar de casa, tenho muita pena, mas não é desta. Vou sair quando for necessário e não por obrigação. Peço desculpa mas não é desta que vou para um café olhar para ontem a comentar as meninas que passam (nada de errado com isso...), que vou começar a ser hipócrita de estar em sítios e com pessoas que não me apetece estar, que vou deixar de ouvir a música que gosto (metal up your ass \m/) e que vou deixar de gostar de ver filmes lamechas. Peço imensa desculpa mas é o que eu sou e isso não vou deixar ninguém alterar. As coisas acontecem de forma natural, não é preciso fazer pressões para nada, porque no fundo se assim for é porque não é verdadeiro. Não é puro. E morre depressa. Eu tenciono viver muito tempo na companhia daqueles que gosto e eles têm vindo a crescer a olhos vistos, por isso...não devo estar muito errado pois não?