Tuesday, October 11, 2016

Quebrar com os limites pessoais: "Eu Posso, Eu Vou, Eu Devo"


"Alguma vez tiveram a sensação que que não é espiritualmente correcto exprimir a vossa vontade apaixonada? No "Movimento New Age", onde "aceitação" e rendição" são as grandes palavras chave, há espaço para coragem apaixonada, compromisso e determinação? Para mim certamente que há. Então como é que estas qualidades se relacionam com a aceitação e rendição? Será que é suposto para se fundirem de alguma forma? Como é que nos comprometemos com algo com todo o nosso coração, mas sem o apego da luta?

O compromisso e paixão de ter as coisas feitas


Compreensivamente, a faceta guerreira recebeu má publicidade no mainstream espiritual nos últimos anos. Isso aconteceu por causa da qualidade inererente da alma, que foi distorcida horrivelmente para controlar e suprimir os outros. Mas será isso suficiente para banir a paixão, a vontade e o empenho para ter resultados? Certamente que não - estas características são essências sem preço da alma - a energia masculina guerreira do compromisso e empenho.

Trabalho com pessoas espirituais de todo o mundo e no geral noto que é um tema recorrente no movimento de evolução: uma supressão geral do surgir autêntico da paixão empenhada. Sinto que isto acontece por estas razões:

- A sociedade tem condicionado e suprimido pessoas a uma série de estilos de vida limitados, com estados de ser e de expressão controlados

- Mesmo quando as pessoas se libertam, existem muitos conselhos acerca de "deixar ir" e "aceitar" que se tornam mal-interpretados como desistir da individualidade da expressão própria empenhada.

- Práticas espirituais parecem frequentemente dissolver a individualidade conforme trabalha para desconstruir o ego. Mas o verdadeiro render não é "aceitar de tudo o que acontece". O que é que quero dizer com isto?

Compromisso para a directiva do Universo

Existe um fluir natural do Universo. Como sabemos, tudo está inter-ligado - esse fluir atravessa-nos, quando nos abrimos e permitimos espaço para que flua por nós. Onde é que o fluir leva então uma pessoa verdadeiramente rendida? A minha observação é que a alma está a clamar para ser libertada então é isto que faz:

Manifestar todas as situações que poderiam limitar e constrangir de forma a que possamos confrontar essas barreiras e deitá-las abaixo.

Como é que as atravessamos? Fazemos aceitando o caminho que se revela à nossa frente, e depois intuindo aquilo que estamos a ser convidados a fazer - seja pelo seguir do coração, ou o conhecimento do nosso Eu Superior. Quando abrimos espaço interiormente para apanhar estes impulsos internos, a alma vai guiar-nos até à nossa rigidez reprimida - temer por exemplo aquilo que nos identifica com a ilusão, resultando em algo menos do que o que somos realmente.

Por exemplo: Podemos viver com medo de deixar uma relação porque temos medo de viver sozinhos; ou deixar um emprego que não nos satisfaz porque temos medo de não sermos apoiados; ou não seguir aquele sonho de coração porque temos medo de falhar.

Todas estas experiências vão gerar rigidez interna - o nosso campo energético vai contrair-se literalmente; a nossa consciência inunda-se com a energia do falhanço - o padrão que nos limitava previamente. A mente entra num turbo negativoM o corpo e respiração tornam-se rígidos fechamo-nos para a orientação divina - a alma criativa não pode mais fluir.

São precisamente nestes momentos que precisamos de abraçar e confrontar - porque é aqui onde o crescimento máximo da alma é possível

Sentir o medo, ir avante na mesma e suavizar para a rigidez

O medo existe por alguma razão - diz-nos que algo importante para o nosso desenvolvimento espiritual está rpestes a acontecer: que existe uma oportunidade sem preço para expandir para além de uma limitação prévia.

Então aqui está algo que vos convido a fazer:

1- Sentir o medo da escolha que se apresenta a si própria (quebrar com uma relação limitadora por exemplo)
2- Comprometer com aquilo que se sabe ser no coração uma escolha correcta, ao contrário do medo.
3- Explorar crucialmente e sentir as contracções no nosso corpo - o pensamento negativo, as emoções pesadas, a rigidez do físico e a mente preocupada.
4- Saber que todas estas reacções são apenas experiências energéticas transitórias, que as mesmas não nos definem.
5- Deixar ir qualquer necessidade de resultado físico - o ganho é o crescimento da alma-
6- Suavizar as contracções por senti-las e encontrar o Vazio do Silêncio interiormente, da quietude calma - aquele sentido de potencial infinito.
7- Permitir para o surgir espontâneo de um novo sentido de ser.
8- Dar a si próprio a expressão desse ser.
9- Finalmente, esperar pela ciclo de feedback em sincronia que mostra que o Universo está a apoiar o seu crescimento.

Eu Posso, Eu Vou, Eu Devo

É isto que se trata rendição e desapego. Não aceitação de tudo o que é. Estamo-nos a render ao Universo, e a sua directiva é que se tornem de forma crescentes libertos do drama externo ao colocar-nos a nossa alma através dele. É a eterna confrontação da limitação interna do momento - é isto a verdadeira rendição ao fluir universal.

Para este nível de confrontação, é necessário elevados níveis de compromisso e vontade. Não há muitos por aí que estejam a abraçar isto neste momento, mas se vocês estão atraídos por aquilo que escrevi, certamente que são desses guerreiros/as: o tipo de persoa que sente - "Eu Posso, Eu Vou, Eu Devo".

Do meu coração para o vosso, Open"

Texto original Open Hand

Open

Thursday, October 06, 2016

Areias Movediças


Certamente todos nós já sentimos que quando uma coisa não nos corre bem, ela torna-se contagiosa. A melhor descrição para isto que já ouvi foi num filme sobre futebol americano - de todos os sítios - em que consistia no seguinte: Quando algo não corre bem e sentímos que estamos numas areias movediças onde quanto mais se tenta fazer com que algo desse certo apenas  faz com que nos afundamos cada vez mais. 

Todos nós já sentimos isso certo?

E é fácil ficarmos presos ainda noutra coisa. Na teimosia de lutar contra a corrente. Energia chama energia e aquilo que não sabemos é que quando teimamos com algo estamos a puxar pela energia daquilo que não queremos. Por raiva, por frustração, por medo. Onde focamos mais a nossa atenção é precisamente naquilo que não queremos ver acontecer. Como poderemos ter sucesso se estamos com a atenção focada no insucesso? Em todos os cenários de catástrofe. E o mais irónico (trágico) é que isto acontece sem que saibamos que está acontecer.

Deixar ir. 

É um chavão, daqueles que se utilizam constantemente, mas não deixa de ser correcto. A filosofia budista tem uma forma de ver a vida que muitas vezes julgamos ser incompatível com a vida ocidental - no entanto só o é por medo da mudança, medo de todos os paradigmas que nos foram incutidos desde que nascemos. Essa forma de ver acenta em algo muito simples:

"Tens um problema. Se tem solução, deixa de ser um problema. Se não tem solução, não há nada que possas fazer, então deixa de ser um problema também".

Muito tempo passamos a minar-nos e permitir que nos suguem a energia por questões que não podemos mudar. Apenas por não querermos aceitar. Por teimosia. E quanto mais teimosos somos, mais nos afundamos, mais mergulhamos naquilo que não queremos mergulhar. Claro que poderão dizer:

"Mas se eu parar de lutar, vou ao fundo"

Talvez... mas sabemos que as areias movediças nos mantém seguros principalmente quando deixamos de lutar. Quando deixamos de lutar, algo nos segura, mesmo que nos sintamos prestes a cair. Queremos pensar que temos que estar constantemente a nadar porque nos disseram que nesta vida temos que ser como os tubarões, temos que nadar para não morrer. O que ninguém nos disse é que se não pararmos, podemos morrer por exaustão, longe daquilo que queríamos e pelo qual lutámos.

Talvez se pararmos de lutar, de espernear e de bracejar, consigamos perceber, ter a lucidez para ver de que estavamos a lutar, a espernear e a bracejar não para atingir um objectivo mas porque tínhamos medo de não o atingir. Nessa altura talvez consigamos perceber que a cada queda que damos (e que aceitamos que damos) estamos a aprender a melhor forma de andar sem cair em areias movediças.

Monday, October 03, 2016

A Fuga


Demasiadas vezes nos encontramos à espera. Como diriam os Xutos, "à espera que algo aconteça". E quando nos fartamos de estar à espera, ou perdemos a fé de que algo vai acontecer, metemos as mãos-à-obra, como se não houvesse amanhã. Como se fossemos uns loucos. No entanto e como muitas vezes antes, apenas caímos no erro de estarmos a correr do oito para o oitenta, normalmente instigados pela fé e pela falta dela. Pela coragem e pelo medo.

Vivemos num mundo de desequilíbrios, numa selva criada por poucos para dominar muitos e mesmo que não sintamos esse domínio directamente, acabamos por nos deixar dominar por eles, os desequilíbrios. Nada cai do céu, é certo, mas a agir apenas para não estarmos parados ou porque temos às nossas costas o peso daquilo que os outros ou a sociedade considera que é o correcto também não é solução.

A principal acção do desequilíbrio é não conseguirmos estarmos parados o tempo suficiente para vermos e sentirmos aquilo que realmente queremos. Qual o próximo passo a dar. Se não dermos nenhum, também é esse um passo. Se pararmos parar pensar, para ver, para sentir, também é uma acção. Uma acção na direcção de nos encontrarmos a nós próprios. 

Muitas vezes aquilo que esperamos é que nos encontremos a nós próprios mas como é que o vamos fazer se não paramos de fugir?