Wednesday, May 24, 2006

Explosão

.Mal refeito de guerras anteriores, ele trava continuadamente batalhas que sabe que irá perder de forma ciclica e eterna. Idealista e sonhador, tenta criar os seus sonhos numa realidade que não é a sua e cada sonho desfeito é mais uma cicatriz no seu corpo castigado. Ele guarda tudo para si na esperança de conseguir suportar o peso do mundo nos seus ombros, tal como Hércules na mitologia grega. Mas um dia o peso é demasiado e ele fraqueja. Um dia as suas energias chegam para todos os que precisam menos para ele próprio. E ele colapsa.

"Fartodavidafartodequererviveraquerermorrerfartodemimpróprio
dosoutrosedasoutrasfartodeserincompetentefracassadoidiotaestupido
Tudooquequeroéfugirparanuncamaisvoltarfugirdavidaparaamortefugir
damorteparaoutroladoqualquerFugirfugirfugirFOGEFOGEFOGEEle
vemaíparatecomercomerparateviolarparatefodermaisumavezFOGE,
FOGE,FOGEEletraz-tedesesperânciacrónicaqueroluzinvertidaespelhos
partidoseilusõesestilhaçadasNãovivasmaisnãoquerovivernãovivas
maisnãoquerovernãoquerosentirqueroaeternadormênciaqueroficar
longedetudodetodosdormedormedormedormedormedormevive
sonhacorta-tedroga-temata-temorre-meFILHODAPUTAMORRE
Maseunãomorronãovivonãocomonãodurmomassonhoquerosonhar
enãoviverqueroestarpresonumacamanãoquerorespirarnãoquero
opesonãoquerovidamasadoençanãomelargaAculpaéminhadeviver
semvidasemsubstanciasempropósitoenganando-meajudandoos
outrosafazeremalgoqueeunãofaçopormimpróprio.Partooespelho
paranãoveraminhacaraecortoacarneparaterrazãoparachorarmaseu
nãovouchorarnãooutravezNuncamaispelaprimeiravezCHORA
CARALHOSENTEALGUMACOISANAOCEDASÀDORMENCIA
gritamelesinteriormentemilharesemilharesdevozesagritarpormil
coisasdiferentesmilharesdevozesagritarpormilharesdefins
diferentes.Elasqueremvivermaseusóquerofugirabraçardormência
efingirquenadameafectaContinuarafingirquenadameafectaESTE
CORAÇÃOÉPEDRAPedracomadagasespetadasPedraquesangra
maseutoucansadodeoouvirtoucansadodeouvirtodaagenteede
ninguémouvir-meamimCansadodenãoouvir-meafalarMASEU
QUEROFALARDEIXA-MEFALARFILHODEUMAGRANDE
PUTADEIXA-MEFALARDEIXA-MEFALARDEIXA-MEDEIXA-ME
DEIXA-MEDEIXA-MEVIVERMORRERCORTARSOFRERVIVER
SORRIRSOFRERMORRERRESPIRARFALARFALAFALAFALAFALA
FALAFALAFALAFALAFALAFALAFALAFALAFALAFALAFALAFALA

FALA!!!


FILHOSDAPUTACABROESBETAMOXCIPAMOXREGISTOSALPRAZOLAMPAZOLAMVACA
PUTAODEIO-TESOZINHOSEMVIDAFÉRIASMORTEPALHAÇOFILHODAPUTADOPALHAÇO
13-01-06RÓTULOSISABELSBSRPISCASOLIDÃOPAPAGAIOPALHAÇOENCARACOLADO
FILHODAPUTAOTÁRIODAMERDAISABELINSPECÇÃOEMPRÉSTIMOTRIALGRAVAÇÕES
BATERIAPRAZORESPONSABILIDADEESPOSENDEBANCOSOBRASFERIADODEPRESSÃO
AMIGOSNÃOVERCRERSENTIRTMNIMPOSTODECICULAÇÃOAUTOMÓVELSETEMBRO
FALSOIDIOTAFALSA24-05-06DÍVIDARESPONSABILIDADETRAIÇÃO29-05-05DEMÓNIO
RESIBELACTASANGUECORTEOBRASESTAGIÁRIAESTEVESCORREIOSERPENTECOÇARFERRO
ANTICRISTOEDITORAPORTOCOMPANHIAMÚSICATEMPOSARARMORTEMORTEMORTEMORTE
MORTEMORTEMORTEDÁDIVACARALHOLUZVIVEBAIXOAZAMBUJAPOUSADATELEFONEBOLSOMP3
PÓDROGAGARGANTAFALSAPUTASORTEMALÉVOLACORRERESPERARAZARPEÇAROTINANOITESCAFÉ
ANDREIATVCABOOUTLOOKDESCANSOFALSIDADEFALSOBILOBANBLISTRAGEMCONTACTOEMPRESA
POLYESTERMEDIDASCORTANTEINJECTÁVELMACHADOSACRIFICIOCORTEMALTAALCOOLVESTUÁRIO
RAQUELDESAPARECERPAID+CANCROAMORSEQUENCIAADSLB.S.E.AMIGAMERDACORRERPARADOPC
BARTENDERMSNTRIALGUERREIROCABELOSSARNAMSNINSÓNIASCANSAÇODESISTIRTEATROPEDRA
VIOLAÇÃOETIQUETASA3PRINTPEDANTEBARATAMALUCAFARTOFARTOFARTOFARTOFARTOFARTO
FARTOFARTOFARTOFARTOFARTOFARTOFARTOFARTOÓDIOCORROERVIDAALGARVEASCENSÃO
TELEFONENOSTALGIA91200MINUTOSANULAÇÃODEALMOÇOSDESPREZOTSHIRTSGINÁSIOMENTAL
DESCARREGARERRADAPRESTAÇÃODORGRIPETRALEXAUSTÃOREFERENCIANAODORMIRCOMPRIMIDOS
2MGDEPRESSIVOSSONOLENCIACORAÇÃOEMOÇÕESCHORARBILHETESPOEMASFALSASEMPRESANGUE
PARTIRQUEBRARDESCONSTRUIRAÇOPEDRAMADEIRACOSTASPESCOÇOCABELOFOICEBATATASTUMOR
SUICIDIOPREGOVERGARCAIR"


E com os murros que ele dá nas paredes que o cercam,o sangue aparece, mas ele não o vê, apenas o sente. E por mais cortes que ele faça longe dos olhares do mundo, não é isso que o faz chorar. Conforme ele pega no machado, destroi tudo e todos a seu redor, solta palavras de raiva, de dor sem sentido, que ficaram guardadas dentro da sua gaveta por tempo demais mas que apesar de terem saído, ele guarda-as religiosamente, porque elas têem vontade própria e dominam-no facilmente. Depois de tudo estar reduzido a escombros, sangue, tripas e miolos, depois da gaveta estar praticamente aberta e as folhas voarem á sua volta ele tenta apanhá-las com raiva e embora rasgue algumas, a nascente parece não ter fim e ele acaba por rasgar as suas roupas, rasgar a sua pele e arrancar os seus cabelos enquanto grita aquelas palavras guardadas em folhas esquecidas. E de repente a voz falta-lhe e ele está nú, sem forças, exausto. Quando não consegue mais gritar cai de joelhos e chora.

A gaveta abre-se e as folhas voam todas de novo lá para dentro. Ele fica no seu canto agarrado ao seu corpo nú. O seu coração é pedra, o seu coração é aço que não dobra mas parte.

"...porque a corda parte sempre pela parte mais fraca..."

Thursday, May 18, 2006

Vómito

Sinto-me um rato preso numa roda que não tem outra opção senão andar. Mas o rato está cansado. Tão cansado... nem sei por onde começar. Tenho utilizado este espaço como local de desabafos e de expiação de pecados. Afinal era esse o propósito idealizado por duas mentes unidas, mas metade dessa mente desapareceu sem deixar rasto. Ultimamente tenho andado a pensar no porquê deste desaparecimento e principalmente a tentar perceber a razão (se é que há alguma) para que ele tenha acontecido e embora seja eu o autor de grandes desaparecimentos, este é de difícil compreensão. Mas não é isto que me traz aqui, não é isto que eu quero vomitar hoje. Estou no local do costume a tentar perceber a decomposição actual. Posso arranjar mil e uma metáforas, umas mais belas que outras, para tentar explicá-la, mas como posso explicar algo que não percebo? E quanto mais troco as palavras, quanto mais fico com o pensamento em branco, mas fico com a sensação de que certos limites estão perto de ser atingidos. Resta uma outra questão, o que resistirá mais, corpo ou mente? Ambos estão a um passo do abismo e essa deveria ser uma razão para me preocupar.....Quanto mais escrevo menos sei do que estou a escrever. Tinha uma ideia pré-definida do que queria falar mas como tudo ultimamente, esqueci-me. Podia vomitar indiscriminadamente, mas tenho vontade de afogar o mundo no meu vómito. Queria dormir, por uma hora, por 3 dias, por 5 meses, por 2 anos. Qualquer coisa. Quanto mais cansado fico menos durmo, quanto mais quero organizar as ideias, mais elas se baralham pelo cansaço, mais susceptível fico aos instintos e ao inconsciente. E o meu inconsciente é perigoso demais para andar a caminhar livremente por este mundo. Fico vários minutos a olhar para o infinito e a viajar nem sei eu para aonde. É difícil encontrar ou tentar manter uma coerência de raciocínio quando nem sei que dia é hoje. É engraçado o ciclo natural (ou não) das coisas e o aniversário que se aproxima (a quinta feira da ascensão, a eterna quinta feira da ascensão) ainda faz com que fique tudo mais irónico. Do topo do mundo, onde deveria encontrar paz, apenas estou a adiar o inevitável. Mas cada vez menos energias tenho para o adiar. Sem dormir, sem paz, sem descanso. Limites. Estou prestes a descobrir os meus.

Thursday, May 11, 2006

GRITAR!

É incrivel como tudo se acumula rapidamente dentro de nós não é? Enchemos, enchemos, enchemos, mutias das vezes porque queremos, porque achamos que podemos vencer o mundo com os nossos ideiais, com os nossos sonhos. Mas os nossos sonhos são abalados pelas pessoas que damos demasiada importância. No local de trabalho temos um grito de guerra: "SÓ QUERO É FUGIR!" e esse grito de guerra está a tornar-se uma religião quase. Não comemos, não dormimos e fingimos sorrir perante aqueles que gostam de nós. Somo falsos? Talvez, mas fazem-nos assim, todos dias. Memórias do presente que não existe. Aquilo que era suposto ser. Cada vez mais me apercebo como as falsas (em todos os seus sentidos e verdadeiro esplendor) esperanças ou expectativas nos influenciam no nosso presente, a maneira como nos corroi por dentro, por mais que tentemos abafar isso com vazias conversas de "olá, tudo bem, adeus", com cigarros, alcool e outras substancias menos lícitas. Cada dia é uma batalha de sobrevivência e os soldados não falam entre si a não ser quando estão á beira de explodir de lágrimas, quando já não há mais nada para encher. A guerra vai continuar, vai nos seguir, mas nós continuamos a gritar, que só queremos fugir, continuamos a ansiar por essa fuga porque no fundo sabemos que ela não vem, porque no fundo este é o nosso inferno. Uma eterna batalha pela sobrevivencia onde nos enterram todos os dias por debaixo de lama, merda e corpos com a nossa cara, porque é a nossa missão. E enchemos enchemos enchemos porque temos medo de abrir a boca, medo que ela se enche da merda que nos soterra.

"Encho a minha vida de merdas apenas para fingir que não é vazia"

Sunday, May 07, 2006

A Interminável Luta Contra O Vazio

No inicio ele nao era nada. Nada existia. Nem o pensamento. Subitamente tudo toma formas, disformes é certo mas são formas. E maravilhado, tudo é novidade. Porque está tudo diferente desde a última vez. Caras familiares reunem-se á sua volta, umas mais recentes que outras. Ele fica confuso com essa familiaridade. Mais uma coisa para questionar. Sempre as mesmas perguntas, sempre as mesmas respostas, sempre a mesma cara no espelho. Do que espera ele? De um novo...amanhecer? De uma vida sem ele próprio. A doença, espalha-se pelo o seu corpo, novamente. Quantas vezes o cancro lhe vai corroer por dentro? Ele ignora a doença, ignora o seu estado, tenta sorrir perante as novas pessoas que estão á sua frente, as formas disformes. Tenta levar a farsa em diante, mais um dia, mais uns metros. Ele tem muito para conhecer deste admirável mundo novo. Será que vai conseguir?