A Inevitibilidade Daquilo Que Não É Para Ser Evitado
Tenho aprendido umas coisitas. Ainda faltam muitas mais. 99,9% ou algo parecido. Mas tenho sentido necessidade de conforme aprendo algo de partilhar com alguém, mesmo que não seja comigo próprio, mas fica escrito para não me esquecer destas pequenas lições. A lição de hoje é que por mais que queiramos, há coisas que não se conseguem evitar. Por muito que doa, por muito que vejamos as coisas a acontecer á nossa frente, por muito que nos esforcemos, o destino é sempre o mesmo. Como se inevitavelmente tivessemos que passar por certas coisas para aprender algo ou para nos levar a um caminho. Há também os que por muito que passem por coisas do género não aprendem nada, mas dessas pessoas não vale a pena falar, porque eu também ando a evitar falar/ver/pensar nessas pessoas pela perda de tempo que é. Eu senti isso na pele, mas não vamos fazer chover no molhado e já tou farto desse assunto. Vamos falar de algo que aconteceu a semana passada e que me fez pensar, e muito, nisso. O meu brother chegou a casa como tantos dias e ao sair do carro esqueceu-se de tirar o painel do rádio, mas como tinha que ir ao hiper-mercado, pensou que não valia a pena, já que ia pegar no carro outra vez. Foi para casa, meteu-se a ver o Sporting para a Uefa (esse jogo...excelente) em que o Sporting jogou mal como a merda e deixou empatar a elminatória, conclusão? Prolongamento. Sporting perde. No final do jogo, era tarde demais para ir ao hiper-mercado porque já tinha fechado. Como já era tarde ele não se lembrou de ir ao carro buscar o painel do rádio. De manhã quando chega ao carro tem o vidro partido e do rádio nem notícias. O amigo do alheio partiu o vidro e entrou pela janela não activando o alarme que só tinha sensores na fechadura. A mãe do meu brother deu pelo barulho mas o carro está estacionado num sitio em que tem uma arvore a tapar a visibilidade da janela do quarto da mãe dele, logo não viu nada. O tio, quando chegou ás tantas da madrugada viu alguém a afastar-se mas não ligou. De todos os dias em que ele se podia ter esquecido do rádio foi exactamente neste dia em que tudo isto aconteceu que ele se esqueceu. Quais são as probabilidades de isto acontecer? Não é pergunta de retórica, eu quero mesmo saber, sou repetente de métodos quantitivos. Eu não sei, mas cheira-me a uma probabilidade duns bons milhões para 1 que isto pudesse acontecer. Transportando isto para outras realidades, eu podia chegar à conclusão que...não. Eu disse que não ia pensar nisso, não vale a pena. E o objectivo é esse. Essa é a lição que eu aprendi. Quando alguém vos está a foder a vida e vocês a ver, lutem. Matem, esfolem, rompam-se todos. Quando a luta parece perdida, continuem, até não terem mais força. Estarão vocês a pensar, então mas se este gajo está a dizer que não vale a pena lutar contra o inevitável, que sentido é que isto faz? Que raio de lição é esta? É simples, isto serve apenas para quando as coisas acontecerem, vocês saberem que fizeram tudo o que podiam mas que simplesmente não aconteceu, não era para acontecer. Que ousaram lutar contra os deuses, esses cabrões que decidem o nosso destino. Falharam, mas lutaram. Já diziam os Clash: I Fought The Law But The Law Won. É um conforto minimo. Podem achar que é pouco, que é insignificante, mas quando se perde algo de muito importante ou de muito insignificante, pelo menos a consciência fica tranquila de que se fez o que se pôde. E se continuar a lutar sempre por algo que achemos que vale a pena, hey, quem sabe? Talvez um dia a Lei perca. Talvez...porque o futuro não está escrito. Mesmo com a existência de inevitáveis acontecimentos que não podem ser evitados.