Saturday, March 08, 2008

O Manto

Até que ponto se conhece alguém?
Vives numa velocidade impressionante, a correr à frente de tanques blindados que te passam por cima se perderes tempo até a olhar para trás. Só há tempo para ver o que se cruza contigo, o que te passa à frente dos olhos. Figuras por vezes ofuscadas por luz ou escondidas nas sombras que rapidamente classificas e acreditas que é assim que essa pessoa ou pessoas realmente são. E de certeza de que elas te fazem o mesmo. Todos correm, sem excepção.
Por segundos, por breves segundos, tu conseguiste parar em local seguro e calhou uma pessoa que julgavas conhecer parar ao teu lado. Ela começa a falar e tu chegas à conclusão de que... não conheces essa pessoa. Chovem questões, de todos os lados, sendo a mais frequente:

Quem és tu? Quem és tu mesmo?

É possível que tenhas sido iludida pelas sombras ou pela luz. Por qualquer coisa. O que tenhas visto ou até o que te tenha sido mostrado pode não ser mais do que (in)feliz acaso de coincidências mas é a possibilidade da mudança que te assusta. De alguém vestir-se de sombras ou de luz brilhante e depois despir esse manto para vestir outro qualquer apenas porque sim. E torturas-te do porquê. O porquê de alguém querem mudar o manto que chamou uma vez de seu. O manto que a define. A dor que encontras assemelha-se à dor da traição. É assim que a sentes. Sentes-te enganada e voltas as costas à pessoa. Não sabes como lidar com ela e a maneira mais fácil é apenas não lidares. Porque cada vez que a vês e não reconheces, apenas te lembras daquilo que ela te fez acreditar que era. Da mentira. Tentas perdoar-lhe ao dizer a ti própria de que não passa de uma criança à procura do seu manto. Mas mesmo assim... mesmo assim a imagem dela a despir o manto que tu amaste não te sai da cabeça.

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