O Teu Mar

O teu mar é uma imensidão de sabores de vidas esquecidas, nunca antes vividas. Um mar infinito de sonhos que ficaram por acontecer. Sempre tive medo da Àgua por me fazer sentir infitamente pequeno e o teu mar tão atraente e assustador fez-me atirar sem pensar. Tudo perdeu importancia e os receios do meu coração desapareceram assim que os coloquei numa concha e senti-me em seguro como nunca tinha sentido antes. Todos os perigos do teu mar
foram afastados de mim mas afastado dele eu fui, cuspido para fora numa tormenta de dúvida, confusão. Nele ficou guardado o meu coração, numa concha perdida e enterrada em areia que mãos nunca irão descobrir. Hoje olho para o teu mar e vejo o que ele tem de meu... e não o reconheço. Voltei costas ao mar, ao meu coração e jurei nunca mais mergulhar... mas acabo por voltar àquela praia... e procurar por quilómetros e quilómetros de areia por vestigios do coração que outrora foi meu. E quando o sol brilha sobre as águas do teu mar lembram-me as promessas quebradas e amaldiçoo o teu mar por ser tão pacifico e por ter deixado no lugar do coração uma interminável tempestade, tal como aquela em que fui cuspido. Sento-me na areia e fecho os olhos por causa do sol. Tento não pensar que apesar de o teu mar ter o meu coração, será sempre o mar de outra pessoa qualquer que não eu.

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