Até Morrer

Era melhor não te ver, para saber que nunca te vou sentir novamente (pela primeira vez). E por mais que feche os olhos, a vontade de os abrir para ver se ainda lá estás, é superior. Todas as vontades causadas por ti são superiores a mim. Estou condenado a ser eternamente refém da tua imagem gravada na minha mente.

Era melhor não te conhecer, salvo da tua presença na minha doce ignorância, de saber que o mundo, o meu mundo quer ser abanado e sacudido por ti. Um simples boneco à mercê de constantes tremores. Tremores de suores quentes pela antecipação de sentir o teu corpo junto ao meu, o momento que tanto anseio como temo.

Era melhor não existires para não ter de colocar a mim próprio a questão dos "ses". Se a vida fosse perfeita, nós ficaríamos juntos para sempre. Se eu fosse mais, talvez pudesse cuidar de ti como mereces. Se tudo fosse menos, talvez não custasse tanto ter de conviver à distância com a tua existência.

Era melhor não pensar, era melhor não sentir, era melhor não ver, era melhor não sonhar. Fim das ilusões que nascem, indomáveis. Fim das ilusões que teimam em não morrer por mais que as mate. Fim, por fim, de tudo.

F I M






O fim não vem.

E eu continuo a pensar, a sentir, a ver, a sonhar. Até morrer.